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O primeiro-ministro timorense solicitou ao inspetor-geral do Estado uma investigação ao incidente de junho num hospital que levou ao uso de centenas de vacinas alegadamente alteradas por não respeitarem a cadeia de frio.
“O senhor primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, fez um despacho a 06 de agosto, para que o inspetor-geral do Estado, em coordenação com a Organização Mundial de Saúde (OMS), fizesse uma auditoria e investigação para apurar o que aconteceu no HNGV [Hospital Nacional Guido Valadares]”, disse esta terça-feira no parlamento o ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Fidelis Magalhães.
“O inspetor-geral do Estado e OMS [Organização Mundial de Saúde] estão a fazer investigação e quando houver resultados informaremos os distintos deputados”, explicou.
Fidelis Magalhães anunciou a investigação no debate no Parlamento Nacional que reuniu de forma extraordinária o plenário para confirmar a autorização, dada pela Comissão Permanente, para a declaração do estado de emergência devido à covid-19.
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Deputados, incluindo da bancada do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), um dos partidos do Governo, suscitaram explicações ao Governo sobre o incidente, citando notícias da Lusa sobre o assunto publicadas na segunda-feira.
O caso remonta a junho, mas só se tornou público nos últimos dias, como avançou a Lusa na segunda-feira.
Em causa estão centenas de vacinas usadas, maioritariamente para inocular profissionais de saúde, que terão ficado alteradas devido a problemas de temperatura no HNGV.
A presidente do Conselho Técnico Nacional de Imunização de Timor-Leste (NITAG-TL) explicou hoje à Lusa que quando soube do incidente convocou uma reunião técnica, que decorreu a 24 de junho, para analisar o problema.
“Reunimos os membros do NITAG, representantes e especialistas da OMS e da UNICEF para analisar a questão da cadeia de frio da AstraZeneca e o problema no HNGV”, adiantou.
“Chegámos à conclusão de que durante cinco dias seguidos as doses da vacina tinham estado a uma temperatura de -10 graus, o que é mais baixa do que a adequada para a AstraZeneca, que é de -3 graus”, explicou.
Recordando que a vacina é “muito sensível à temperatura”, Gusmão explicou que essas doses são consideradas “inválidas”, motivo pelo qual o NITAG recomendou ao Ministério da Saúde que voltasse a vacinar as pessoas que tinham sido inoculadas.
“Pelo que sei a maioria das pessoas não foram novamente vacinadas ainda. Algumas pessoas souberam disso na semana passada e alguns foram receber a sua inoculação no fim de semana”, referiu.
Odete Belo, ministra da Saúde, disse à Lusa que o Ministério da Saúde ainda está a recolher dados sobre o incidente, tanto no que toca à questão da cadeia de frio como ao número de doses afetadas.
“É um problema que temos que resolver. Queremos confirmar todos os dados para ter a certeza”, explicou, referindo que está a ser preparado um relatório para o primeiro-ministro, a entregar nos próximos dias.
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