A produção
anual e o volume de resíduos de plástico duplicaram entre 2000 e 2019, segundo
um relatório da OCDE, que alerta para a poluição de rios e oceanos e para a
pegada carbónica.
Em duas décadas, o crescimento do volume de plástico
ultrapassou o crescimento económico em quase 40%, com a produção anual de
plástico a passar de 234 milhões de toneladas em 2000 para 460 milhões de
toneladas em 2019.
O quadro é apresentado no relatório “Perspetiva global dos
plásticos: Fatores económicos, impactos ambientais e opções políticas”, da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que traça a
evolução dos últimos 19 anos.
A par do aumento da produção de plástico, também o volume dos
resíduos de plástico duplicou, passando de 156 milhões de toneladas em 2000
para 353 milhões de toneladas em 2019.
A pandemia e o impacto que causou na atividade económica
pôs em pausa a tendência de crescimento do uso de plástico , que caiu 2,2% em 2020, mas, por
outro lado, aumentaram os resíduos de plástico descartável.
Esse aumento esteve, por um lado, relacionado com os
equipamentos médicos e de proteção individual, mas também com os plásticos
utilizados no ‘take-away’, que substituiu as idas aos restaurantes, e nas
compras ‘online’, que satisfizeram as necessidades dos clientes enquanto as
lojas estiveram fechadas.
Ultrapassado o primeiro ano da pandemia, no entanto, e com a
economia a começar a recuperar, a OCDE antecipa que o uso do plástico, na sua
generalidade, volte a aumentar.
Perante este cenário global, o relatório alerta sobretudo
para a poluição de rios e oceanos e aponta que em 2019 o plástico acumulado em
rios totalizava 109 milhões de toneladas, dos quais 6,1 milhões de
toneladas foram lá parar só nesse ano.
Nos oceanos, o volume é mais baixo, com 30 milhões de
toneladas estimadas. No entanto, e considerando que grande parte do lixo acumulado nos rios acaba
eventualmente nos oceanos, os plásticos deverão continuar a poluir os ambientes
aquáticos durante décadas.
Por outro lado, acrescenta o relatório, limpar esses resíduos
torna-se mais difícil a cada ano que passa, à medida que os resíduos se
fragmentam em partículas mais pequenas, dando origem aos chamados microplásticos.
De acordo com as conclusões do relatório, a principal fonte
da poluição com plástico decorre de uma má gestão dos resíduos dos chamados
macroplásticos, que representam 88% dos 22 milhões de toneladas de materiais
plásticos que só em 2019 foram parar ao meio ambiente.
As consequências do plástico no ambiente estão também associadas
a uma pegada carbónica significativa: De acordo com a OCDE, os plásticos
contribuem para 3,4% das emissões de gases com efeito de estufa.
Só em 2019, os plásticos geraram 1,8 gigatoneladas de emissões
de gases com efeito de estufa, o equivalente a 3,4% das emissões globais, e a
esmagadora maioria (90%) teve origem na produção de plástico e conversão a
partir de combustíveis fosseis.
No mesmo relatório, a OCDE aponta quatro eixos prioritários para
reduzir os impactos ambientais do plástico, centrados na reciclagem, inovação,
políticas públicas nacionais e cooperação internacional.
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