//Profissões sem teletrabalho mais vulneráveis ao desemprego

Profissões sem teletrabalho mais vulneráveis ao desemprego

Os trabalhadores que não têm hipótese de trabalharem a partir de casa são os mais vulneráveis a ficarem no desemprego. A conclusão surge num estudo do Banco de Portugal (BdP) sobre a utilização do teletrabalho no primeiro semestre deste ano, num período que abrange o pico do confinamento nos meses e março e abril.

“Como seria expectável numa situação de confinamento e distanciamento social, as maiores reduções do emprego registaram-se em profissões com menor utilização de teletrabalho”, referem as investigadoras Sónia Cabral e Ana Catarina Pimenta, sublinhando que “a possibilidade de trabalhar remotamente contribuiu para minimizar perdas de emprego”.

As autoras do estudo publicado com o Boletim Económico do BdP chegam a esta conclusão tendo em conta “a taxa de variação homóloga do emprego por profissão em função da proporção de indivíduos a trabalhar remotamente em cada profissão”, com base no inquérito ao emprego do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Mas a análise sugere ainda que as desigualdades podem aumentar com a pandemia, uma vez que “as profissões com menores qualificações e de menores rendimentos” são menos propensas a trabalhar à distância. Mesmo que as medidas de apoio ao rendimento possam “mitigar” este efeito, reconhecem as investigadoras.

Por exemplo, quase 92% dos trabalhadores ligados ao setor das tecnologias de informação estiveram em teletrabalho e o emprego aumentou 19,5% face ao segundo trimestre do ano passado. No lado oposto estão os trabalhadores de montagem: apenas 0,9% ficaram em teletrabalho, com uma destruição de empregos de 27,4%.