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O Partido Socialista promete ir mais longe do que os compromissos assumidos até aqui pelo governo quanto à elevação do salário mínimo nacional, antecipando a meta de chegar aos 900 euros até 2026 caso saia vencedor das eleições legislativas de 30 de janeiro e forme novo governo.
A medida é incluída nas linhas gerais do programa eleitoral do PS, apresentado nesta segunda-feira, e no âmbito do qual o secretário-geral do partido, António Costa, também se comprometeu a executar integralmente as medidas de apoio a famílias e empresas previstas na proposta chumbada de Orçamento do Estado para 2022 que precipitou as próximas eleições, assim como a acelerar a convergência dentro da UE com a promessa “crescer acima da média europeia nos próximos quatro anos” (cinco décimas acima daquilo que os 27 crescerem em média; e 1 ponto percentual acima da média da Zona Euro).
A subida do salário mínimo foi um dos pontos de afastamento entre PS e PCP na discussão da proposta de Orçamento, com o governo a não ir além da intenção de chegar aos 850 euros em 2025. Agora, perante a possibilidade de uma nova legislatura, o programa que o PS leva a eleições avança mais um ano no calendário, até 2026, e coloca a fasquia nos 900 euros, ao mesmo tempo que retoma a intenção de chegar a um acordo de rendimentos na Comissão Permanente de Concertação Social.
A meta é que os rendimentos médios dos trabalhadores portugueses cresçam 20% nos próximos quatro anos, e que o peso dos salários portugueses no PIB aumente em três pontos percentuais para ficar a par da média dos 27, na qual os rendimentos do trabalho representam 48% do PIB. Sem avançar medidas para sustentar uma elevação dos salários médios, o líder socialista afirmou que o objetivo de evolução de rendimentos tem de passar pelos parceiros sociais e “tem de ser obviamente sustentado nos ganhos de produtividade”.
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Mariana Vieira da Silva, secretária nacional do PS, elaborou também sobre as medidas relativas a salários, assinalando uma trajetória gradual “até pelo menos 900 euros em 2026” no que diz respeito à retribuição mínima, e prometendo incluir na proposta sobre um acordo de rendimentos “a criação de um quadro fiscal adequado para que as empresas assegurem – a par da criação de emprego, como até aqui – níveis de valorização salarial, nomeadamente, no que diz respeito aos salários mínimos”.
Noutras medidas na área do trabalho, os socialistas dizem querer recuperar a proposta de alterações às leis laborais entregue ao parlamento, a chamada Agenda do Trabalho Digno, para que seja aprovada até julho. A proposta, que levou as confederações patronais a abandonarem temporariamente a Concertação Social neste outono, inclui ainda as mudanças no pagamento de horas extra e a subida de compensações para cessar contratos a termo que foram negociadas à esquerda em contexto de preparação do Orçamento.
Já uma novidade é a ideia de debater com os parceiros sociais a “semana de quatro dias” e novos modelos híbridos de teletrabalho, com o secretário-geral do PS a prometer retomar caminho para um acordo para a conciliação entre vida pessoal, profissional e familiar. A ideia é discutir uma “nova relação com o mundo do trabalho, com horários diferenciados, com uma discussão que temos de assumir sobre se mantemos a semana de cinco dias ou se avançamos para uma semana de quatro dias”.
Do programa eleitoral do PS, consta ainda a promessa de um novo modelo de recrutamento de professores que assegure maior fixação dos docentes nas escolas e a implementação de incentivos para a fixação de médicos em zonas mais vulneráveis do país, no quadro do novo Estatuto do Serviço Nacional de Saúde. O partido promete entretanto uma revisão das unidades de saúde familiares e a cobertura de 80% da população até ao fim da legislatura, assim como fazer avançar cuidados de saúde primários domiciliários nos lares de idosos.
A gratuitidade faseada das creches até 2024 prometida pelo governo também segue agora no programa do partido para as legislativas, para começar a avançar em outubro case este vença eleições.
Na energia, os socialistas têm a meta de chegar a 80% de renováveis na produção de eletricidade quatro anos mais cedo do que o governo se propunha até aqui, e nas qualificações falam em apoiar 30 mil jovens no ensino superior na frequência das áreas de ciências, tecnologia, artes e matemática.
Tudo isto, assegura o programa eleitoral, é para fazer ainda com “contas certas” e com o compromisso de reduzir o endividamento público a menos de 110% do PIB até ao final da legislatura. E também com um governo “mais compacto”, segundo o secretário-geral do PS.
Alterado às 19h43, com a correção de que o programa do PS prevê fazer crescer a economia cinco décimas e não seis décimas acima da média da UE ao longo da próxima legislatura.
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