//Queda histórica em Tóquio. Dia negro nas bolsas com receios de uma recessão nos EUA

Queda histórica em Tóquio. Dia negro nas bolsas com receios de uma recessão nos EUA

Os índices norte-americanos abriram a semana no vermelho, em linha com as perdas que estão a sofrer as praças europeias e depois de um arranque trágico das negociações na Ásia. O Down Jones abriu a cair 1,71%, o Nasdaq iniciou a sessão a perder 6,34%. Em Lisboa, o índice de referência nacional, o PSI20, desceu quase 2%, em linha com as principais praças europeias. Fechou a cair 1,87%, com 14 das 16 cotadas em perda.

Segundo a Reuters, várias plataformas de negociação online estão inacessíveis para milhares de utilizadores.

O Japão registou esta segunda-feira a maior queda desde a “segunda-feira negra” de 1987: o Nikkei 225 desvalorizou 12,4%, o que obrigou a recorrer a um mecanismo travão que suspende as negociações. No entanto, o mote já tinha sido dado, e as perdas no Japão alastraram-se rapidamente a todas as praças asiáticas e determinaram a abertura no vermelho na Europa.

As criptomoedas já desvalorizaram cerca de 250 mil milhões, e só a bicoin atingiu o valor mais baixo dos últimos 5 meses.

As empresas do setor tecnológico também registam fortes perdas: Microsoft (-4,6%), Alphabet (-6%), Tesla (-12%), Meta Platforms (-6,8%), Amazon (-8,3%), Nvídia (-10%). Quedas que chegam a outros grandes grupos, como a Goldman Sachs (-6,6%) ou o Citigroup (-7,3%).

O principal índice do México abriu a cair 1%.

Nos Estados Unidos, é também esperada uma abertura em queda. Os futuros norte-americanos estão a perder mais de 4%.

O receio de uma recessão nos EUA

A fuga dos investidores a ativos de maior risco e também a venda de ações ganhou visibilidade depois de conhecido o relatório sobre o emprego nos Estados Unidos. A taxa de desemprego subiu duas décimas para 4,3%, o nível mais alto desde outubro de 2021.

Este movimento não começou esta segunda-feira, é visível desde sexta feira, altura em que o índice tecnológico Nasdaq já apontava sinais de correção, face aos máximos históricos que tem registado.

Warren Buffet, por exemplo, vendeu metade das ações da Apple. A informação foi conhecida durante o fim-de-semana e aumentou os receios sobre as tecnológicas. Esta madrugada, a Goldman Sachs reviu em alta a probabilidade de uma recessão económica nos Estados Unidos, de 15% para 25%.

Os mercados estão também a reagir aos juros elevados, depois da Reserva Federal norte-americana ter mantido inalterados os juros na semana passada, em máximos históricos. Ao contrário do Banco Central Europeu, que já fez um corte de 25 pontos base nas taxas diretoras, em junho.

Nos EUA, os juros estão entre 5,25% e 5,5%. A expectativa do mercado é que cheguem aos 3% até ao final de 2025.

Queda da bolsa já entrou na campanha eleitoral

As perdas em Wall Street estão a alimentar uma nova troca de argumentos a pensar no próximo ocupante da Casa Branca.

O candidato republicano, Donald Trump, diz que os mercados estão a rejeitar a candidatura de Kamala Harris, por ser “uma lunática radical de esquerda”. Em várias mensagens na rede social Truth, o ex presidente e recandidato diz ainda que estamos a assistir ao “crash de Kamala”.

“Os eleitores têm uma escolha, a prosperidade de Trump ou o crash de Kamala e a Grande Depressão de 2024, para não mencionar a probabilidade de uma Terceira Guerra Mundial se estas pessoas se mantiverem no cargo”, diz Donald Trump.

O candidato republicano a vice-Presidente, J.D. Vance, na rede social X, alerta que podemos estar à beira de uma “calamidade económica real”, que pede uma “liderança estável, como a que o presidente Trump garantiu por 4 anos”.

Vance acrescenta ainda que Kamala Harris “tem demasiado medo para responder à comunicação social”, numa alusão à sucessiva rejeição de entrevistas, e não pode liderar o país nestes “tempos conturbados”.

Em resposta aos recordes económicos no mandato de Donald Trump, defendidos pelos republicanos, os democratas acrescentam, esta segunda-feira na rede X que, com ele, o emprego desceu: terá sido dos poucos Presidentes norte-americanos a deixar o cargo com menos empregos na economia do que aquele que encontrou.

Pelo contrário, “o presidente Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris são responsáveis pela criação de quase 16 milhões de empregos, desde que assumiram funções.”

Europa fecha no vermelho e Lisboa acompanha

O índice de referência nacional, o PSI, desceu esta segunda-feira quase 2%, em linha com as principais praças europeias. Fechou a cair 1,87%, com 14 das 16 cotadas em perda.

Entre as maiores descidas, está a EDP (-4,71%), a EDP Renováveis (-4,21%) e a Sonae SGPS (-3,96%). Com perdas acima de 2%, encontram-se a Navigator, a REN – Redes Energéticas Nacionais, a Mota-Engil, a Nos e a Altri.

Destaque ainda para os que conseguiram fechar o dia positivos: o Banco Comercial Português (0,61%) e a Jerónimo Martins (0,94%).

Na Europa, o índice continental Stoxx 600 caiu cerca de 2%. O índice britânico FTSE 100 caiu 2%, o francês CAC40 perdeu 1.4% e o germânico Dax desceu 1.8%

Corretoras online com dificuldade em garantir o serviço

A segunda-feira foi frenética nos mercados: disparou o volume de ordens e transações e nem todos conseguiram acompanhar.

Nos Estados Unidos, o dia já tinha começado com algumas corretoras online encerradas. Havia, ao início da tarde de segunda-feira, indicação de que grandes salas virtuais de mercado, como a Charles Schwab e a Fidelity Investments, foram forçadas a interromper os serviços.

Uma situação que dificultou o acesso às contas de muitos pequenos investidores, numa altura em que a tendência é para vender tudo o que é arriscado.

Segundo dados avançados pela Reuters, a Schwab impediu que mais de 3.400 utilizadores tivessem acesso aos repetivos investimentos, enquanto na Fidelity a interrupção do serviço atingiu mais de 3.500.

O Vanguard ainda não comentou oficialmente as dificuldades no serviço, mas há relatórios de acompanhamento que apontam para interrupções, que atingiram quase 2.500 pessoas.

Já a Robinhood Markets, uma das plataformas de 24 horas que está entre as mais utilizadas pelos investidores norte-americanos, declarou problemas, mas garantiu que ficaram resolvidos durante a noite.

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