Álvaro, como pediu para ser tratado logo que chegou ao Ministério da Economia e do Emprego, nos anos da troika, marcou o mandato governativo ao defender um tratamento informal num país de doutores e engenheiros.
Esta quinta-feira, Álvaro Santos Almeida, de 53 anos, foi indigitado para suceder a Mário Centeno no Banco de Portugal, depois de uma longa carreira com vários cargos de topo, dentro e fora do país.
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O novo governador do banco central nasceu em 1972, em Viseu, e tem dupla nacionalidade: portuguesa e canadiana. Santos Pereira licenciou-se em Economia, pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, e doutorou-se na mesma área pela Simon Fraser University, em Vancouver.
Entre 2000 e 2004 ensinou no departamento de Economia da University of British Columbia e, entre 2004 e 2007, foi docente no departamento de Economia da Universidade de York, onde lecionou Economia Europeia e Desenvolvimento Económico.
O ministro fã de pastéis de nata que suspendeu quatro feriados
Entre junho de 2011 e julho de 2013, assumiu o Ministério da Economia e do Emprego no XIX Governo Constitucional, liderado por Pedro Passos Coelho (PSD).
O mandato acabou por ficar marcado pela pressão da troika, visível em projetos como a construção do TGV, que o ministro considerou “um erro financeiro”. Cortou ainda nas rendas das energéticas e suspendeu quatro feriados, em nome da produtividade do país.
Entre as medidas mais mediáticas, destacaram-se a retirada do serviço universal de telecomunicações à Portugal Telecom, a nova Lei da Concorrência, a defesa de investimentos mineiros e a reindustrialização do país.
Na memória dos portugueses está ainda a defesa do pastel de nata. Durante uma conferência sobre internacionalização, em 2012, o ministro Álvaro Santos Pereira questionou “porque não existe um “franchising” de pastéis de nata”, que teria tanto sucesso “como os churrascos Nando’s ou os hambúrgueres”.
Depois de sair do Governo deu o salto de novo, desta vez para Paris. Foi diretor de estudos nacionais no Departamento de Economia da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e, em 2024, foi nomeado economista-chefe na OCDE, em substituição de Clare Lombardelli.
É autor dos livros “Diário de um Deus Criacionista”, “O Medo do Insucesso Nacional”, “Os Mitos da Economia Portuguesa”, “Portugal na Hora da Verdade” e “Reformar Sem Medo – Um Independente no Governo de Portugal”.
Álvaro Santos Pereira é a escolha do executivo de Luís Montenegro para suceder a Mário Centeno, um anúncio deixado no final do Conselho de Ministros desta quinta-feira pelo ministro da Presidência, Leitão Amaro.
“Por decisão do Conselho de Ministros, por proposta do ministro das Finanças, [o novo governador] será o professor doutor Álvaro Santos Pereira”.
Uma escolha justificada pela independência e pelo currículo “altamente reconhecido” do economista. “É hoje o economista principal de uma das principais organizações internacionais da economia mundial. É um profundo conhecedor da economia portuguesa, um profundo conhecedor da economia internacional, conhecedor do sistema financeiro”. Acrescenta ainda que “É a melhor escolha, por ser independente: não vem nem de dentro do banco, nem vem de um governo”.
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