Existem, pelo menos, 16 antigos governantes em administrações de empresas do PSI20. A maior parte deles exerce funções não executivas, o que indica que não têm de trabalhar a tempo inteiro e em exclusividade nessas empresas. Quase todos acumulam esses cargos com outras funções. A EDP e a Mota-Engil são as cotadas que contam com mais antigos governantes nas suas administrações.
Leia também: Metade das empresas do PSI 20 tem antigos governantes na administração
António Mexia, EDP
O presidente executivo da EDP foi ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações do governo de Santana Lopes. Antes de assumir funções governativas tinha já assumido a liderança de grandes empresas, como a Galp. É, desde 2006, o líder da EDP. É o presidente executivo mais bem pago do PSI20. Ganhou 2,2 milhões de euros ilíquidos em 2018.
Luís Amado, EDP
Foi ministro da Defesa e ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros nos governos de José Sócrates. Antes tinha sido deputado e secretário de Estado nos executivos liderados por António Guterres.
Está no Conselho Geral e de Supervisão da EDP desde 2015. E em abril do ano passado assumiu a presidência desse órgão, que tem como missão supervisionar a comissão executiva e coordenar os interesses dos acionistas. Tem o estatuto de independente. Auferiu 405 mil euros da EDP no ano passado. Na elétrica é ainda responsável pela comissão de governo societário e sustentabilidade e da comissão para as matérias financeiras e de auditoria.
Após a saída do governo, em 2011, assumiu, no ano seguinte, a presidência não executiva do Banif. Além do cargo na elétrica, Luís Amado é curador da Fundação Oriente e da Fundação Francisco Manuel dos Santos. É membro do global advisory board da Sonae, presidente da assembleia-geral da Tabaqueira e professor convidado no ISCSP e na Paris School of International Affairs.
Eduardo Catroga, EDP
Foi ministro das Finanças entre 1993 e 1995, num governo de Cavaco Silva. Nas conversações para o programa de assistência financeira em 2011, foi um dos negociadores do PSD. Um ano mais tarde assumiu a presidência do Conselho Geral e de Supervisão, órgão de que já era membro desde 2006. Continua nesse conselho, em representação da China Three Gorge, mas deixou a presidência no ano passado. Auferiu 176 mil euros na elétrica. É o presidente da comissão de estratégia e performance da elétrica.
Além do cargo na EDP é presidente não executivo da Finantipar, holding que controla o Finibanco. É ainda membro da Comissão de Investimentos da Portugal Venture Capital Initiative.
Celeste Cardona, EDP
Foi eurodeputado e deputada à Assembleia da República no CDS. No governo de Durão Barroso desempenhou as funções de ministra da Justiça entre 2002 e 2004. Saiu do governo para a administração da Caixa Geral de Depósitos, banco onde esteve ate 2012. Após ter deixado o banco público integrou o Conselho Geral e de Supervisão da EDP. Auferiu 80 mil euros na elétrica em 2018.
Além desse cargo, Celeste Cardona exerce advocacia, tem uma empresa de consultoria e é professora associada da Universidade Lusíada.
Braga de Macedo, EDP
O economista foi ministro das Finanças, entre 1991 e 1993, no governo de Cavaco Silva. Foi deputado do PSD e está no Conselho Geral e de Supervisão da EDP desde 2012. No ano passado teve uma remuneração de 67 mil euros.
Além do cargo na elétrica, Braga de Macedo é professor de Economia na Universidade Nova de Lisboa, distinguished fellow do Centro Internacional de Inovação na Governação Internacional em Waterloo e presidente da Assembleia-Geral da Sociedade de Desenvolvimento da Madeira.
Vasco Rocha Vieira, EDP
Fez carreira militar, tendo chegado a general. Foi o último governador português de Macau, exercendo esse cargo entre 1991 e 1999. Está no Conselho Geral e de Supervisão da EDP desde 2012. No ano passado auferiu 64,3 mil euros na elétrica.
Augusto Mateus, EDP
Foi ministro da Economia e secretário de Estado da Indústria no governo de António Guterres. Exerceu funções governativas entre 1995 e 1997. É membro do Conselho Geral e de Supervisão da EDP desde 2013. No ano passado, auferiu 64,3 mil euros na elétrica.
Augusto Mateus é ainda consultor nas áreas de macroeconomia, política económica e estratégia de negócios.
António Nogueira Leite, EDP Renováveis
Após ter sido gestor e administrador em várias empresas, incluindo na Bolsa de Valores de Lisboa, Nogueira Leite foi secretário de Estado do Tesouro e das Finanças entre 1999 e 2000, num governo Guterres. Depois de ter saído do governo desempenhou funções de administração em várias empresas, como a Brisal, a CUF, a EFACEC, a José de Mello e a OPEX.
É administrador não executivo na EDP Renováveis desde 2013. Preside à comissão de nomeações e remunerações da empresa. Auferiu 57,5 mil euros no ano passado. Acumula o cargo na Renováveis com a presidência dos conselhos de administração da Embopar, Sociedade Ponto Verde e Forum Oceano. É vice-presidente do Fórum para a Competitividade e professor catedrático na Nova School of Business & Economics.
Francisco Seixas da Costa, EDP Renováveis, Jerónimo Martins e Mota-Engil
Foi secretário de Estado dos Assuntos Europeus entre 1995 e 2001, no governo de António Guterres. Tem carreira diplomática desde 1975. É administrador não executivo de três cotadas do PSI20. Na EDP Renováveis é administrador não executivo desde 2016. No ano passado auferiu 55 mil euros na elétrica.
Na Jerónimo Martins desempenha funções não executivas desde 2013. Auferiu 80 mil euros na dona do Pingo Doce. Foi nomeado ainda administrador não executivo da Mota-Engil em maio do ano passado. Teve uma remuneração de 40 mil euros na construtora.
Acumula estes cargos com a presidência do conselho consultivo internacional da Fundação Calouste Gulbenkian, com a presidência do conselho fiscal da PPM. É ainda presidente do conselho assessor da AT Kearney e membro do conselho geral independente da RTP e do conselho consultivo da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. O antigo embaixador é colunista e colaborador de diversas publicações e autor de várias obras sobre questões internacionais e de segurança.
Carlos Costa Pina, Galp
É dos poucos antigos governantes com funções executivas em administrações de empresas do PSI20. Foi o secretário de Estado do Tesouro e das Finanças entre 2005 e 2011, nos governos de José Sócrates. No ano seguinte entrou na comissão executiva da Galp. A petrolífera nota na biografia do seu administrador que teve “prática legal designadamente na área de exploração e produção de petróleo” entre 1994 e 1998. No ano passado teve uma remuneração de 705 mil euros, acima de alguns presidentes executivos de outras cotadas.
Desempenha ainda outros cargos noutras entidades. É presidente do Conselho Científico e Tecnológico do Instituto de Petróleo e Gás, Associação para a Investigação e Formação Avançada. É membro do conselho de administração da Fundação Portugal – África e do conselho estratégico da câmara de comércio e indústria Portugal – Costa do Marfim. Exerce funções de administrador da European Petroleum Industry Association, é membro do conselho fiscal do Instituto de Direito Económico, Financeiro e Fiscal e presidente do conselho de revisor de contas da Fundação Res Publica.
Jorge Coelho, Mota-Engil
Foi ministro de Estado, da Presidência e do Equipamento Social nos governos de António Guterres. Deixou de exercer funções governativas em 2001. Chegou a ser presidente executivo da Mota-Engil entre 2008 e 2013. Em maio do ano passado regressou à administração da construtora como não executivo. Antes disso, manteve-se no conselho consultivo do grupo. Em 2018 teve uma remuneração de 35 mil euros pelos meses que passou na empresa.
Lobo Xavier, Mota-Engil e NOS
Foi deputado do CDS entre 1983 e 1995 e chegou a concorrer à liderança do partido. O advogado faz parte desde 2016 do Conselho de Estado e, entre as cotadas do PSI20, é administrador não executivo na Mota-Engil e na NOS.
Na construtora faz parte da administração desde 2006. Auferiu 50 mil euros. Na operadora tem assento desde 2013. Obteve uma remuneração de 60 mil euros. É o presidente da comissão de governo societário e do comité de ética da NOS.
Foi ainda administrador executivo da Sonaecom (renunciou no final do ano passado). É vice-presidente do conselho de administração do BPI. Integra ainda as administrações da Riopele, da Fundação da Casa da Música, da Fundação Francisco Manuel dos Santos. É sócio da MLGTS & Associados, Sociedade de Advogados.
Luís Valente Oliveira, Mota-Engil
Foi ministro da Educação no governo de Mota Pinto, do Planeamento e Administração do Território nos sucessivos governos de Cavaco Silva e das Obras Públicas, Transportes e Habitação no executivo Barroso. Desde 2006 que é administrador não executivo da Mota-Engil e exerce funções em outras sociedades do grupo. Auferiu 60 mil euros em 2018.
José Luís Arnaut, REN
Foi deputado do PSD, ministro-Adjunto no governo de Durão Barroso e ministro das Cidades, Administração Local, Habitação e Desenvolvimento Regional. Desde 2012 é administrador não executivo da REN e presidente da comissão de governo societário da empresa. Auferiu 36 mil euros na cotada, que tem também negócios com a sociedade de advogados CMS – Rui Pena & Arnaut, de que o antigo governante é diretor-geral.
Arnaut tem presença influente conselho consultivo internacional do Goldman Sachs. Durão Barroso é chairman do banco de investimento. Segundo o currículo apresentado pela REN, Arnaut é ainda membro do conselho consultivo da AON, presidente da AG da Federação Portuguesa de Futebol, do grupo Super Bock, da Portway, da Siemens e da Tabaqueira II. É também presidente do conselho de administração da ANA – Aeroportos de Portugal e administrador da Discovery Portugal Real Estate Fund.
Luís Palha da Silva, Pharol
O presidente da Pharol foi secretário de Estado do Comércio no governo de Cavaco Silva. Foi ainda seu diretor de campanha nas Presidenciais de 2010. Desempenhou cargos em empresas como a Jerónimo Martins, a Galp entre muitas outras. Está na entidade que resultou da antiga Portugal Telecom desde 2015. Auferiu 343 mil euros no ano passado.
Além da Pharol, Palha da Silva é administrador não executivo da Sovena e está indicado para presidente da assembleia geral da EDP.
José Elias da Costa, BCP
Foi secretário de Estado da Construção e, mais tarde, das Finanças em governos de Cavaco Silva. Deixou de exercer funções governativas em 1993, passando a presidente da Tansgás.
Entrou para o BCP como não executivo no ano passado. É o presidente da comissão de nomeações e remunerações do banco. Antes tinha sido administrador executivo do Santander Totta e consultor do Banque de Dakar. O BCP ainda não divulgou o relatório de governo das sociedades, em que os dados das remunerações estão detalhados.
Deixe um comentário