O presidente do conselho de administração do Novo Banco não foi brando com a Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia (DG Comp) na audição no parlamento sobre a necessidade de mais capital. “A DG Comp não tem particular simpatia pelos bancos portugueses”, afirmou António Ramalho que pediu alguma “contenção” com as suas palavras.
O presidente do Novo Banco (NB) já se tinha referido à DG Comp de forma pouco abonatória quando foi questionado sobre a manutenção de politicas inadequadas de concessão de credito após a resolução. António Ramalho explicou que ficou “espantado” e “surpreendido” com a avaliação da instituição europeia, tendo pedido uma auditoria aos créditos analisados. A auditoria foi entregue ao Banco de Portugal com todas as informações.
“A DG Comp avaliou o banco com 20 casos, desses 16 eram do BES. Mas quatro posteriores à resolução. Dois eram reestruturação de créditos (com descida de taxas de juro), outra sobre desconto de fatura que permitiu a uma empresa manter-se. Mas há um caso que me preocupou e que é um caso da minha altura”, referiu António Ramalho. E foi sobre este último que o líder do NB explicou de forma mais detalhada. “Foi uma operação de crédito à habitação de 244 mil euros com uma taxa de esforço de 13% por parte da cliente. “A DG Comp não conseguiu conciliar a hipoteca e o crédito. Mas a cliente cumpriu tudo” e até reforçou a posição no banco, referiu o presidente do banco.
Family and friends
A pergunta foi feita pelo deputado do Partido Socialista, João Paulo Correia que quis saber porque alguns ativos tóxicos se mantiveram no balanço do Novo Banco. António Ramalho começou por sublinhar a complexidade do processo de resolução que levou à criação do Novo Banco, referindo que “teve o seu ‘q’ de não preparada”.
O presidente do NB lembrou que foi necessário retirar os ativos mais complicados de Angola, da Líbia e da família Espírito Santo. “Mas se separaram a família, não separaram a ‘family and friends’ (a família e os amigos)”, afirmou António Ramalho.
Questionado sobre os créditos mais problemáticos, António Ramalho adiantou que já foi possível recuperar mais de mil milhões de euros.
“Dos 44 créditos mais mediáticos, no valor de 4,2 mil milhões de euros, já recuperámos 1,5 mil milhões de euros”, esclarecendo que foram recuperados “500 milhões de euros em imóveis e mil milhões em dinheiro.”
António Ramalho está a ser ouvido no parlamento esta quinta-feira, numa audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa depois de o banco ter anunciado que vai pedir mais 1.149 milhões de euros ao Fundo de Resolução para reforço de capital.
(atualizado às 19:30 com mais declarações)
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