As receitas geradas por pagamentos à escala mundial ascenderam a quase 1,5 biliões de dólares (1,5 triliões de dólares em inglês), cerca de 1,27 biliões de euros, no câmbio atual, de acordo com um relatório da Boston Consulting Group, com o setor do retalho a ser responsável por dois terços deste valor. Este montante atingido no ano passado reflete uma subida de 7,3% face a 2014. E, apesar da pandemia, as receitas geradas por pagamentos vão continuar a acelerar.
No relatório, a consultora assume, de forma resumida, que muitos dos atores do segmento dos pagamentos “provavelmente vão ver o crescimento das suas receitas contrair. Mas as tendências favoráveis, como a mudança para pagamentos contactless, o crescimento da adoção de carteiras digitais, e um maior alargamento do uso de [sistemas] de automação de pagamentos business-to-business vão impulsionar as perspetivas do setor a longo prazo”.
Os efeitos da pandemia sobre os diferentes setores de atividade ainda não são possíveis de antecipar. A incerteza ainda é muito grande e o segmento dos pagamentos não é indiferente a esta incerteza. Por isso, a Boston Consulting Group traçou três cenários para o crescimento das receitas neste setor com base na evolução do PIB mundial.
No primeiro cenário, que tem por base uma recuperação rápida, a consultora sugere que as receitas globais de pagamentos podem acelerar dos 1,5 biliões de dólares registados no ano passado para 1,8 biliões em 2024 (cerca de 1,5 biliões de euros no câmbio atual), o que representará uma aceleração na casa dos 4,4%, de acordo com o relatório.
Num segundo cenário, em que a economia recupera de forma lenta, a receita mundial de pagamentos ascenderia a cerca de 1,7 biliões de dólares (cerca de 1,4 mil milhões de euros no câmbio atual) em 2024, o que se traduziria numa subida de 2,7% face a 2019.
E, por fim, num cenário em que a recuperação económica da crise provocada pela pandemia de covid-19 será mais difícil (deeper-impact scenario na expressão em inglês), o crescimento das receitas de pagamentos será de 1,1% em 2024, no valor de 1,5 biliões de dólares.
“Contudo, a segunda metade da década parece consideravelmente mais positiva, impulsionada pela expansão económica, desenvolvimentos na infraestrutura de pagamentos, crescimento do comércio eletrónico e uma maior inclusão financeira. Entre 2024 e 2029, as receitas globais de pagamentos devem aumentar entre 4,4% e 5,6% anualmente (dependendo do cenário) – aproximadamente 1,5 vezes mais rápido que o crescimento das receitas totais da banca. Em 2029, as receitas podem subir entre 1,9 biliões e 2,4 biliões de dólares [entre 1,6 biliões de euros e 2 biliões de euros, respetivamente no câmbio atual] dependendo da dimensão da recuperação económica”, pode ler-se no relatório da Boston Consulting Group.
Olhando apenas para a Europa, o documento indica que as receitas de pagamentos do Velho Continente estão no caminho de “crescer de forma modesta, embora a um nível mais baixo do que nos últimos cinco anos”. A consultora indica que entre 2019 e 2024, as receitas de pagamentos podem crescer entre 2,3% – num cenário de recuperação económica rápida – e 0,9% – no caso de uma recuperação complexa.
“A Europa de Leste, que já tem 30% da receita da região, vai continuar a registar as taxas de crescimento mais elevadas, com a Rússia a continuar a ser o motor mais forte de crescimento na região”.
Por outro lado, a Europa Ocidental, que regista 64% das receitas regionais de pagamentos, vai assistir a uma queda nas receitas que pode oscilar entre 1,1% – se houver uma recuperação rápida – e 1,6% – no caso de recuperação mais demorada. Nota ainda para os países nórdicos – com 6% das receitas – que podem ver as receitas de pagamentos subir entre 0,1% e 2,9%, de acordo com o relatório.
Uma das tendências que a pandemia veio acelerar foi assim a utilização de soluções cashless e uma subida do comércio eletrónico. Em Portugal, o uso de dinheiro vivo entre maio e junho, quando o país ainda estava confinado, decresceu 46%, indica a informação da Boston Consulting Group.
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