Partilhareste artigo
Entre os máximos de Wall Street e a nova euforia em torno das criptmoedas, nos mercados sente-se o espírito da época antes de rebentar a bolha das tecnológicas, em 2000. Não é líquido que se esteja perante o iminente crash nos mercados ou algumas classes de ativos. Mas o ambiente que se vive é de alguma nostalgia. E de cautela. “Cheira um bocadinho a 1999”, diz Filipe Garcia, economista da IMF-Informação de Mercados Financeiros. “Na altura a bolha não rebentou logo, alinda demorou alguns meses”, lembra.
Leia também:
Bitcoin bate mais um recorde e supera um bilião de dólares de valor de mercado
A juntar ao entusiasmo por parte dos investidores do retalho, a alta registada em muitas das classes de ativos faz-se sobretudo pela mão de institucionais. Mesmo no caso das criptomoedas: “A maioria (por trás das valorizações) não é do retalho. Para já, não há nada que diga que amanhã vai acabar tudo (por cair)”, frisa Filipe Garcia.
Desde o início de 2021, o índice norte-americano S&P 500 valorizou 4,2%, o Nasdaq 7,5% e o Dow Jones 2,9%. Na Europa, o Stoxx 600 soma 3,3% neste ano enquanto o português PSI20 desliza 2,2%. Nas criptomoedas, cada bitcoin vale agora 52 mil dólares, mais do dobro do que valia em dezembro. Também outras moedas digitais, como a ethereum, registam máximos.
Subscrever newsletter
Leia também:
Corretora XTB prepara expansão para novos mercados
As valorizações contínuas de diversas classes de ativos ocorrem à boleia de um excesso de liquidez nos mercados alimentado por estímulos económicos e política monetária dos bancos centrais. Acrescem as taxas de juro em mínimos de sempre que alimentam o recurso ao crédito e empurram os investidores para aplicações de risco mais elevado. Também o facto de investidores do retalho terem alguma folga no rendimento – por via de apoios estatais, como nos Estados Unidos, ou as moratórias do crédito na Europa.
As bolsas antecipam ainda uma recuperação económica depois da grave crise provocada pelas medidas que governos adotaram no âmbito da epidemia do novo coronavírus. “Enquanto a música estiver a tocar… Mas já há algumas vítimas pelo caminho”, aponta o mesmo economista. Aconteceu com o recente caso da Gamestop, em que um grupo de pequenos investidores se reuniu a partir da rede social Redditt e comprou ações daquela empresa para deitar por terra os planos dos fundos que apostavam na queda dos títulos. A união dos pequenos investidores acabou por conseguir deixar prejuízos nos fundos. Mas as medidas adotadas pela indústria – que passou a impedir a compra de mais ações – levou a uma onda de vendas e os pequenos investidores que ficaram com as ações na mão acabaram por ter prejuízo.
No meio da euforia, a bolsa portuguesa, pequena e periférica, regista um tom bem mais moderado.
Deixe um comentário