A Rede Europeia Anti Pobreza (EAPN) sublinha que “a remuneração do trabalho não é suficiente para que as pessoas possam estar numa situação digna”. O relatório intercalar “Portugal, Balanço Social 2024” adianta que há 900 mil trabalhadores em situação de pobreza absoluta. O estudo elaborado por uma equipa da Nova SBE não surpreende Fátima Veiga, Socióloga no Gabinete de investigação e projeto da EAPN.
Em declarações à Renascença, a responsável diz que aos baixos salários se juntam “o aumento do custo de vida, generalizado, quer ao nível da eletricidade, das despesas básicas, da alimentação, mas também e muito sobretudo devido ao aumento do custo à alimentação”.
E, portanto, “apesar das pessoas terem um trabalho remunerado; a remuneração do trabalho não é insuficiente para que possam estar numa situação digna, digna no sentido de poderem suprir as suas despesas mensais de uma forma equitativa e sem que tenham que passar por alguma situação de carência, mesmo carência alimentar”.
O estudo da Nova revela que há muita gente que continua com dificuldades graves em pagar as contas ao final do mês.
Fátima Veiga afirma que “apesar do grande esforço no aumento do salário mínimo nacional, não temos vindo a assistir à mesma proporção nos salários médios”. “Por isso nós temos que aumentar o rendimento proveniente do trabalho e simultaneamente temos que fazer com que os preços dos bens e serviços não sofram a inflação que nos últimos tempos têm vindo a sofrer”, indica.
A socióloga entende ser “necessário trabalhar em várias frentes” para diminuir o número de trabalhadores pobres e defende que também é necessário “fazer com que os serviços públicos sejam de qualidade, ou seja, que tenhamos uma educação pública de qualidade, que tenhamos um Serviço Nacional de Saúde que vá ao encontro das necessidades cada vez maiores da população, porque também temos uma população cada vez mais envelhecida”.
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