//Reino Unido. Shein em silêncio sobre alegações de trabalho forçado​

Reino Unido. Shein em silêncio sobre alegações de trabalho forçado​

A empresa de moda rápida (ou “fast fashion”) Shein foi alvo de duras críticas no Parlamento britânico, na terça-feira, e respondeu com silêncio. A marca participou numa audição, juntamente com a Tesco, a McDonald’s e a Temu, convocada pela Comissão de Negócios e Comércio.

Em causa estão denúncias de violação de direitos laborais que podem afetar as ambições da empresa de entrar na bolsa de valores britânica. A empresa, que envia produtos de baixo custo para mais de 150 países, anunciou um aumento de 40% nos lucros no Reino Unido, alcançando 1,8 mil milhões de euros em 2023, mas tem gerado preocupação entre os políticos britânicos, especialmente no que diz respeito a questões éticas.

Durante a audição, o deputado Liam Byrne questionou a representante da Shein, Yinan Zhu, sobre o uso de algodão proveniente de Xinjiang, província chinesa acusada de recorrer a trabalho forçado. A executiva recusou-se repetidamente a responder, o que gerou insatisfação.

“Não creio que nos caiba comentar para ter um debate geopolítico”, diz a responsável. “Cumprimos as leis e os regulamentos dos países em que operamos. Estamos em conformidade com as leis relevantes do Reino Unido”, acrescentou.

O deputado mostrou-se visivelmente incomodado com a posição da empresa, que se recusou a fornecer informações básicas. “Transmitiu-nos zero confiança na integridade das suas cadeias de abastecimento. Nem sequer consegue dizer-nos do que são feitos os seus produtos. Não consegue dizer-nos muito sobre as condições em que os trabalhadores estão a trabalhar, e a sua relutância em responder a perguntas básicas roça o desprezo pelo comité”, lamenta.

Os gestores da Shein e da rival Temu foram convocados para prestar declarações sobre o cumprimento de direitos laborais e sobre aquisição de produtos. A primeira empresa foi fundada na China e está atualmente sediada em Singapura. Pretende ser cotada na bolsa de valores de Londres no primeiro trimestre deste ano, avaliada em 50 mil milhões de libras (cerca de 60,3 mil milhões de euros).

A empresa também já tentou entrar na bolsa de valores nos EUA, mas foi travada por políticos norte-americanos pelas mesmas razões: falta de garantia de que não recorre a trabalho forçado.

Tanto uma como outra são portais populares entre os internautas, interessados em comprar produtos fabricados na China, a preços reduzidos. No entanto, diversos grupos de defesa dos direitos humanos defendem que as suas cadeias de abastecimento recorrem a trabalho forçado para garantir preços competitivos e lançam dúvidas sobre o uso de algodão de Xianjiang.

O governo chinês, por sua vez, incentiva o boicote às marcas ocidentais que rejeitam o algodão de Xinjiang, considerando as acusações infundadas.

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