A bolsa portuguesa está a perder empresas. E mesmo a vontade de algumas novas entidades de cotar no mercado não tem resultado em novas operações: a Science4You deixou cair a sua oferta pública de venda nesta semana e, em outubro do ano passado, a Sonae MC também acabou por falhar a entrada em bolsa.
Num momento de pouco fulgor no mercado de capitais nacional, as sociedades de investimento e gestão imobiliária, conhecidas pelos investidores como REIT, podem trazer maior dinamismo. Em Espanha estes instrumentos animaram a bolsa. Existem cerca de 60 REIT cotados avaliados em cerca de 15 mil milhões de euros. Dois deles, a Colonial e a Merlin Properties, chegaram mesmo ao IBEX 35, o índice de referência da Bolsa de Madrid. E em Portugal podem ajudar a animar o mercado.
“Em princípio, a admissão de novos títulos será positiva para o mercado de capitais dado que poderá atrair mais público para este tipo de investimentos”, considera Filipe Garcia. No entanto, o economista do IMF avisa que “será importante garantir que estes títulos tenham liquidez, caso contrário ficaria comprometida a formação eficiente de preços, o que não protege os investidores”.
Apesar de em Espanha os REIT terem liquidez, Filipe Garcia teme que isso possa não acontecer no mercado português. “A liquidez dos títulos é um dos meus maiores receios com os REIT”, refere ainda o economista. E recorda que “as colocações em bolsa mais recentes, das empresas Raize e Flexdeal, têm tido níveis de liquidez muitíssimo reduzidos e nada têm feito pela dinamização do mercado, até pelo contrário”.
Deixe um comentário