//Rejeitada proposta para que Renda Acessível de Lisboa seja apenas para residentes na capital

Rejeitada proposta para que Renda Acessível de Lisboa seja apenas para residentes na capital

Discutida em reunião de câmara, que foi a primeira sessão pública do mandato 2021-2025, sob a presidência do social-democrata Carlos Moedas, a iniciativa da vereadora da Habitação, Filipa Roseta (PSD), foi chumbada com os votos contra de toda a oposição do executivo, designadamente PS, Livre, deputada independente Paula Marques (eleita pela coligação PS/Livre), PCP e BE.

Na apresentação da proposta, Filipa Roseta explicou a ideia é que “o próximo concurso de Renda Acessível seja para quem mora em Lisboa ou para quem morou nos últimos 10 anos”, com o objetivo de “dar prioridade a fixar e, depois, a atrair” pessoas para viver na capital.

De acordo com a vereadora da Habitação, nos últimos dois concursos verificou-se “uma enorme desproporção entre a oferta e a procura”, nomeadamente na 8.ª edição houve cerca de 5.500 candidaturas, das quais 3.189 de residentes em Lisboa, para a atribuição de 128 casas, e o programa permite candidaturas de qualquer cidadão que viva em território nacional, ou seja, “alguém que mora em Bragança concorre nas mesmas circunstâncias de quem mora em Lisboa”.

O vereador do PS João Paulo Saraiva criticou a falta de debate da iniciativa antes de ser apresentada em reunião de câmara e considerou que a proposta vem “ao arrepio daquilo que é a cidade aberta e cosmopolita”, porque é “completamente restritiva do que é ser lisboeta, porque ser lisboeta é muito mais do que viver em Lisboa”, avisando que “estas lógicas de fechar sobre universos do ‘primeiro eu e depois o meu semelhante’ deram as maiores asneiras na história deste planeta, com as situações de xenofobia, de racismo, de confrontos entre várias pessoas de uma mesma região”.

O socialista acusou ainda o PSD de ter “um certo medo, um certo pânico da extrema-direita”, e de se “encostar à lógica do ‘primeiro os lisboetas’, que faz lembrar um certo Trump, ‘primeiro os americanos'”, convidando os sociais-democratas a “dar um passo atrás sob pena de estar a alimentar a agenda da extrema-direita”.

Em resposta, o presidente da Câmara de Lisboa classificou como “extraordinário” fazer-se a comparação com a extrema-direita quando a proposta é: “uma pequena mudança de critério para todos aqueles que vivemos em Lisboa, que contactamos com os lisboetas que nos dizem que os filhos deles já não podem viver em Lisboa, que aquilo que temos atualmente é um totoloto, que não se consegue obter as casas”.