//Rendas. Atualização deve ser travada se inflação continuar elevada

Rendas. Atualização deve ser travada se inflação continuar elevada

Os inquilinos olham com inquietação para a evolução da inflação e consideram que, se esta se mantiver em níveis elevados, o Governo deve encontrar uma solução que mitigue a atualização das rendas em 2023.

“Se estivermos a falar de uma inflação de 7% ou 8% isso exigirá que o Governo tome medidas”, afirmou à Lusa o presidente da Associação dos Inquilinos Lisbonenses (AIL), Romão Lavadinho, sublinhando que pessoas de menores rendimentos não poderão ser confrontadas com atualizações de renda desta dimensão.

Há vários meses que o peso da inflação se faz sentir na carteira dos portugueses e a manutenção dos Índice de Preços do Consumidor (IPC) em níveis elevados irá também refletir-se no valor das rendas.

De acordo com as regras em vigor, os valores das rendas estão sujeitos a atualizações anuais, que se aplicam de forma automática em função da inflação média dos últimos 12 meses registada em agosto, exceto habitação.

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É com base neste valor que o Instituto Nacional de Estatística (INE) apura o coeficiente de atualização das rendas, tendo este de constar de aviso a publicar em Diário da República até 30 de outubro de cada ano.

A aplicação da fórmula numa altura em que a inflação não deu ainda sinais de abrandamento leva Romão Lavadinho a recear o impacto junto das famílias, sobretudo das que têm menores rendimentos e que suportam já valores de rendas no limite da sua taxa de esforço.

“Não concordamos que o aumento seja aplicado cegamente a todas as famílias” refere, sublinhando que a AIL vai exigir “que o Governo tome medidas nesse sentido”.

Proprietários crentes numa solução do Governo

Também António Frias Marques, presidente da Associação Nacional de Proprietários (ANP), admite que tenha de vir a ser encontrada uma solução que mitigue uma subida brusca das rendas.

“Teoricamente há possibilidade de a atualização ser este ano mais elevada, mas acredito que Governo vai encontrar uma solução”, referiu à Lusa, precisando que, ainda que não seja possível antever o que vai acontecer, terá de haver algum “bom senso”.

“Penso que encontrará uma solução porque não podemos correr o risco de haver um despejo geral do país. Como em tudo terá de haver bom senso”, referiu.

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Tomando como exemplo os dados da estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE) que indicam a inflação média dos últimos 12 meses, sem habitação, registada em maio, isto significaria que as rendas aumentariam 3,41% em 2023.

Trata-se de um valor que apenas encontra paralelo com os 3,19% registados em 2012 e os 3,36% em 2013, mas que contrasta com a subida de 0,43% apurada para 2022 que se seguiu a um ano de congelamento.

De acordo com a lei do arrendamento, a primeira atualização pode ser exigida um ano após a vigência do contrato, e as seguintes um ano depois da atualização prévia, tendo o senhorio de comunicar por escrito, com uma antecedência mínima de 30 dias, o coeficiente de atualização e a nova renda que resulta deste cálculo.

Caso não o pretendam, os senhorios não são obrigados a aplicar esta atualização.

As rendas anteriores a 1990, contudo, foram atualizadas a partir de novembro de 2012, segundo o NRAU, que permite aumentar as rendas mais antigas através de um processo de negociação entre senhorio e inquilino. Caso tenham sido objetivo deste mecanismo de atualização extraordinária, ficam isentos de nova subida.

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