A procura das marcas por lojas de rua está a fazer disparar as rendas, enquanto nos centros comerciais os preços ficaram praticamente inalterados. Em Lisboa e Porto, as rendas de lojas de rua subiram entre 3,8% e 20% em 2018. E, neste ano, a previsão é um aumento até 10%. Nas zonas prime, como zonas históricas e centro, a falta de oferta de imóveis pode pressionar ainda mais os preços.
“As rendas de retalho poderão vir a sentir uma evolução positiva, sobretudo nas zonas históricas de Lisboa, uma vez que a procura se encontra muito ativa”, refere Patrícia Araújo, head of retail na JLL Portugal. Carlos Récio, diretor de retalho da CBRE, antecipa subidas entre 5% e 10%. “Nas zonas prime, se existir imóveis disponíveis, a tendência é as rendas subirem.”
No Chiado, o preço por metro quadrado pode subir de 130 para 140 euros, aponta a Cushman & Wakefield. Esta localização, em particular a Rua Garrett, é a zona onde, pela parca oferta, a pressão sobre os preços é maior. No Porto, as atenções das marcas centram-se na Rua de Santa Catarina, com o preço a disparar 15,4% no ano passado, segundo a Cushman & Wakefield, para um pico de 75 euros por metro quadrado.
Turismo impulsiona procura
Um fenómeno muito concentrado em Lisboa e Porto, mas também a ganhar expressão em zonas urbanas como Braga, Guimarães, em particular no centro histórico, muito por conta do turismo, diz Carlos Récio.
“Os centros comerciais tiveram o seu boom há uns anos e neste momento, mesmo sendo um local crucial de compras dos consumidores, já não se definem como uma estratégia inovadora para as marcas, que obviamente se mantêm nos centros comerciais mas apostam também e cada vez mais na rua”, afirma Patrícia Araújo. “O turismo é um dos fatores que explica este interesse, uma vez que trouxe um movimento refrescante às zonas históricas da cidade devido ao elevado footfall que gerou”, continua. Só no ano passado 19,8 milhões de turistas visitaram Portugal, mais 1,6% do que em 2017. “Movimento este que também veio para criar um português mais curioso que quer viver e partilhar experiências e gosta cada vez mais de sair e aproveitar todas as opções que o retalho de entretenimento de rua tem vindo a oferecer”, diz.
A lei de arrendamento de 2012 também ajudou a esta nova dinâmica no retalho de rua, permitindo a venda ou a renovação de edifícios, colocando no mercado oferta de qualidade. Só em 2018, “o número de negócios em formato de comércio de rua foi superior aos centros comerciais com uma representatividade de 66% do total dos 640 negócios realizados”, refere Marta Esteves Costa, diretora de research & consultoria da Cushman & Wakefield.
Os shoppings absorveram apenas 24%, “em grande parte justificado pela baixa oferta disponível nos centros comerciais”, apesar de haver ainda “uma elevada atratividade dos centros comerciais, com as vendas a crescerem 4,3% e os visitantes 3,6% até ao terceiro trimestre de 2018, segundo os dados da APCC, a associação de centros comerciais”.
Nos últimos quatro anos, as rendas nos centros comerciais prime não têm vindo a sofrer “grandes oscilações”, nem Carlos Récio vê sinais que isso venha a acontecer, apesar de centros com peso no mercado como o Colombo ou o NorteShopping terem já anunciado planos de expansão. Poderá haver é uma “diminuição dos descontos e auxílios em termos de benefícios” aos lojistas nos centros comerciais secundários, alerta.
Deixe um comentário