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As regiões do Alto Alentejo e do Alto Tâmega foram as únicas onde se verificou uma descida no valor mediano das rendas no terceiro trimestre, relativas a novos contratos, por comparação com os mesmos meses do ano passado, contrariando assim o movimento ascendente apurado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para o restante território.
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A queda foi mais pronunciada no Alto Alentejo (-9,3%), sub-região que inclui Portalegre, Elvas ou Campo Maior, para 3,42 euros por metro quadrado. No Alto Tâmega, onde pontuam localidades como Chaves, Montalegre ou Valpaços, a descida no valor das rendas foi de 2,2% face ao ano passado, para 4,02 euros.
Já no 2.º trimestre deste ano tinha havido recuos, mas nas Terras de Trás-os-Montes (-2,3%) – que é, aliás, a sub-região onde o valor mediano das rendas é o mais baixo do país (2,64 euros por metro quadrado) – e no Alentejo Central. No arranque do ano, a situação foi bem diferente, porque as rendas não baixaram em nenhuma região, apenas houve desacelerações em 15 municípios.
Ainda com o ano em retrospetiva, e pelo que se conhece até agora, o 2.º trimestre destacou-se por ter sido a fase do ano durante a qual se atingiu o valor mais elevado das rendas medianas (a mediana é o valor do meio de um conjunto de dados colocados por ordem crescente ou decrescente), desde pelo menos o início de 2020, ano do arranque da pandemia. Atingiu os 7,27 euros por metro quadrado, quando no primeiro trimestre de 2020 esse valor estava nos 5,50 euros.
Nunca mais parou de crescer até agora, com algumas exceções pontuais pelo percurso.
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Este ano, os meses de verão chegaram, as rendas baixaram ligeiramente em relação ao 2.º trimestre (estão agora nos 7,25 euros por metro quadrado), mas continuam muito acima do panorama do ano passado, tendo havido um aumento homólogo de 10,5%.
Sem surpresa, o INE apurou haver quatro sub-regiões com valores medianos de rendas superiores ao nacional, bem como taxas de variação homóloga superiores ao conjunto do país : Área Metropolitana de Lisboa (11,40 euros; +12,5%), Madeira (8,79 euros; +16,4%), Área Metropolitana do Porto (8,22 euros; +12,4%) e Alentejo Litoral (7,47 euros; +15,3%). O Algarve também tem valores acima do nacional (8,03 euros) mas cresceu 7,4%.
Os cálculos do INE baseiam-se na renda mediana dos 23 717 novos contratos de arrendamento em Portugal celebrados no 3.º trimestre. Traduzem uma diminuição de 2% relativamente a um ano antes, mas ficaram acima dos que se assinaram no 2.º trimestre e, ainda assim, muito abaixo do número alcançado no 1.º trimestre deste ano, quando se fizeram mais de 25 mil novos contratos, de acordo com dados atualizados pelo INE.
Os 25 245 novos contratos de arrendamento formalizados entre janeiro e março deste ano marcaram também a série desde o início do ano 2020, por representarem o mais elevado. O arranque de 2023 coincide com a escalada das taxas de juro para quem opta por comprar casa com recurso ao crédito.
De facto, de acordo com o INE, as taxas de juro dos empréstimo à habitação deixaram de estar no zero desde julho do ano passado (por efeito da decisão do BCE de aumentar as taxas diretoras para conter a inflação na Zona Euro) e chegaram ao 1.º trimestre deste ano já na casa dos 2%. Em novembro, a taxa já ia nos 4,5%, a mais alta desde março de 2009.
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