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Os resultados trimestrais das principais instituições financeiras a operar no País assim o faziam antever. Agora, confirma-se: a rendibilidade dos bancos residentes aumentou significativamente até março, refletindo essencialmente o aumento da margem financeira, que descolou em meados do ano passado, à boleia da subida das taxas de juro, e mantém-se até hoje em trajetória ascendente.
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Segundo o relatório sobre o sistema bancário português, divulgado esta quinta-feira pelo Banco de Portugal (BdP), nos primeiros três meses do ano, tanto a rendibilidade do ativo (ROA), como a rendibilidade do capital próprio (ROE) aumentaram significativamente face ao período homólogo, situando-se em 1,15% (+0,46 pp) e 13,9% (+5,4 pp), respetivamente.
Se por um lado, o supervisor explica a evolução do indicador financeiro em causa com a melhoria da margem financeira (+0,93pp), por outro, não deixa de destacar o contributo negativo do aumento das provisões e imparidades (-0,20 pp) e dos custos operacionais (-0,09 pp).
Já o rácio cost-to-income, que mede a relação dos custos sobre os proveitos, diminuiu 12,6 pp comparativamente com o igual período em 2022, situando-se em 39,4%, espelhando um aumento do produto bancário (-15,7 pp), que superou largamente o dos custos operacionais (+3,1 pp).
Outro ponto analisado pela entidade reguladora foi o risco do crédito, referente à probabilidade de os clientes adquirirem uma dívida e não honrarem o pagamento: subiu 0,05 pp, em relação ao primeiro trimestre do ano passado.
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Ativo total do sistema bancário recua 1,9%
O ativo total da banca portuguesa, correspondente à soma de todos os bens e direitos, diminuiu 1,9% no primeiro trimestre de 2023, face ao trimestre homólogo, em consequência diminuição das disponibilidades em bancos centrais (-2,3 pp), parcialmente compensada pelo aumento dos títulos de dívida (+0,9 pp).
O rácio de transformação, isto é, a diferença entre o crédito a clientes (líquido de imparidades) e os
depósitos, aumentou 1,6 pp, para 79,9%, em resultado da diminuição das poupanças guardadas pelos portugueses nos bancos (-2,6%), ligeiramente contrabalançada pela redução dos empréstimos (-0,5%). Já o financiamento obtido junto dos bancos centrais diminuiu 0,7 pp, para 2,9% do ativo.
Por seu turno, o rácio de cobertura de liquidez (LCR), situou-se em 218%, refletindo um decréscimo de 11 pp face a dezembro de 2022. “Este efeito deveu-se a uma diminuição dos ativos de elevada liquidez (contributo de -22,3 pp), refletindo a redução das disponibilidades em bancos centrais, parcialmente contrabalançada pela redução das saídas de liquidez (contributo de +11,3 pp)”, explica o supervisor da banca”.
Malparado sobe para 3,1%
No que respeita à qualidade dos ativos, o rácio de malparado (NPL) da banca portuguesa situou-se nos 3,1%, mais 0,1 pp do que em março do ano passado, informa a entidade liderada por Mário Centeno, acrescentando que o rácio de NPL líquido de imparidades manteve-se em 1,3%.
De acordo com o relatório, a proporção de NPL nas empresas diminuiu 0,2 pp, para 6,3%, enquanto nos particulares aumentou 0,1 pp, para 2,4%.
O BdP indica ainda que o rácio de cobertura dos empréstimos não produtivos por imparidades aumentou 0,8 pp, para 56,3%, “refletindo essencialmente a diminuição dos NPL”.
Nas empresas o avanço foi de 1,9 pp, para 57,9%, e nas famílias o rácio cifrou-se em 54,3%, diminuindo 0,9 pp, para 39,6% e 63,3% nos segmentos de habitação e de consumo e outros fins, respetivamente.
O rácio de empréstimos em estágio 2 das empresas não financeiras diminuiu 0,3 pp, para 15,8%, enquanto nos particulares, cifrou-se em 9,0%, num aumento 0,8 pp – no segmento de habitação a subida foi de 1 pp, para 8,4%, e no consumo de 0,3 pontos, para 11,1%.
Solvabilidade dos bancos melhora
A completar o panorama do sistema bancário português, o BdP informa que os rácios de fundos próprios totais e de fundos próprios principais de nível 1 (CET 1) das instituições financeiras nacionais aumentaram 0,2 pp, para 18,4% e 15,6%, respetivamente.
Esta evolução, explica o supervisor, o “refletiu o aumento de CET 1, num quadro de relativa estabilização do montante total das exposições em risco”.
“O ponderador médio de risco aumentou 0,9 pp, para 44,1%, em resultado da redução da importância relativa das componentes de menor risco no ativo”, pode ler-se no documento.
Por último, o rácio de alavancagem dos bancos nacionais aumentou 0,6 pp face ao trimestre anterior, para 7,3%
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