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Os meses de verão assistiram a uma recuperação no rendimento disponível das famílias que se traduziu em mais 73 euros por cada habitante do país, ou mais cerca de 0,5% face aos rendimentos destas no final do segundo trimestre, segundo cálculos do Dinheiro Vivo com base nas últimas contas nacionais trimestrais divulgadas ontem pelo INE. No final de setembro, o rendimento disponível bruto ajustado per capita ao longo de um ano alcançava os 16 300 euros.
Esta recuperação compensou a perda de 0,3% nos rendimentos das famílias do segundo trimestre (menos 46 euros per capita) e colocou o rendimento por habitante, inclusivamente, um pouco acima da média de 16 272 euros do final do primeiro trimestre, largamente intocado pela pandemia.
Ainda assim, os 0,5% de ganhos nos meses de julho a setembro correspondem ao crescimento mais baixo dos últimos cinco anos, descontando o trimestre de quebras do estado de emergência.
Por outro lado, os salários – que em grande medida deixaram de sofrer a penalização do lay-off simplificado no último trimestre – tiveram apenas um pequeno contributo para a variação do rendimento das famílias.
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No terceiro trimestre, as remunerações cresciam 0,1% face ao segundo trimestre depois de terem estado a cair 0,6%. Foram mais 140 milhões de euros, insuficientes ainda para alcançar o valor global de salários pagos no início do ano, num indicador dos efeitos da perda de emprego. Convertidos para um valor per capita são 13 euros de melhoria, após uma quebra de 53 euros.
O aumento do rendimento disponível fica a dever-se sobretudo ao crescimento das transferências sociais e contribuições, apontam os dados do INE. O valor da rubrica inclui desde as prestações pagas pela Segurança Social até aos apoios às organizações sociais que ajudam as famílias, passando ainda pelos descontos feitos por trabalhadores e empregadores, e crescia 1,9% no final do terceiro trimestre. Foram mais 608 milhões de euros – ou 59 euros por habitante.
Apesar da recuperação dos rendimentos, os dados do INE também apontam que o trimestre do desconfinamento manteve praticamente inalterado o consumo das famílias face aos meses das restrições do estado de emergência. Os gastos cresciam apenas em 49 milhões (0,04%), após uma quebra de mais de 4,8 mil milhões de euros sentida no segundo trimestre (a retração foi de 3,6%). Em termos per capita, cada português seguia no final do terceiro trimestre a gastar mais 57 euros face ao consumo dos meses abril a junho (nesse trimestre, a quebra era de 3 657 euros por habitante comprando com o início do ano).
Em resultado, a taxa de poupança das famílias – a percentagem de rendimento que fica após o consumo – tornou a subir no último trimestre para ficar em 10,8%. Foram mais três décimas que no segundo trimestre – marcado pela quebra das remunerações, apesar da forte retração do consumo.
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