//Retalho e restauração à espera de políticas “mais amigas das empresas”

Retalho e restauração à espera de políticas “mais amigas das empresas”

A Associação de Marcas de Retalho e Restauração (AMRR) tem “grandes expectativas” para 2022, designadamente por via da “estabilidade política” que as eleições legislativas trouxeram. Miguel Pina Martins, presidente da AMRR, espera que “muito rapidamente” haja um Orçamento do Estado para 2022 aprovado e mostra-se convicto de que o novo governo “terá certamente políticas mais amigas das empresas”.

O dirigente faz um balanço “muito negativo” de 2021, um ano que se revelou “muito difícil” para as empresas do comércio e da restauração, que tiveram ainda de lidar com “muitas restrições”. As empresas “estão a passar dificuldades e apesar de 2021 ter sido ligeiramente melhor do que o ano anterior, não foi ainda o suficiente para conseguirmos sair do buraco”, diz.

E, por isso, para as empresas “que ainda cá estão”, as expectativas para este ano são “muito, muito altas”. “Temos estabilidade política, temos o Plano de Recuperação e Resiliência e tudo indica que possamos ter, esperamos, o fim da pandemia, é tudo o que precisamos para o país crescer”, defende. Do novo governo, que António Costa virá a liderar, Miguel Pina Martins espera que “não se esqueça” das empresas de retalho e de restauração, que estão a passar “tempos muito complicados”, pelo que “alguma ajuda” por parte do Estado “pode ser a chave da sua sobrevivência”. “É preciso não esquecer que este é um setor que dá emprego a muita gente e tem sido duramente fustigado. A pandemia foi um bulldozer que lhes passou em cima”, defende.

Miguel Pina Martins fala em nome dos 3500 estabelecimentos comerciais e de restauração que a AMRR representa e que, em 2021, registaram uma quebra nas vendas de 30% face ao período pré-pandemia. O ano passado acabou por se revelar ainda mais complicado do que 2020, na medida em que os apoios ao setor não foram tão significativos.

“Em 2021, a lei que permitiu a partilha de sacrifícios nas rendas só foi possível no primeiro semestre e de uma forma mais vantajosa para o senhorio do que para o arrendatário, por comparação com 2020”, diz, em referência à isenção da componente fixa da renda dos lojistas dos centros comerciais, aprovada na Assembleia da República e em vigor entre março e dezembro de 2020. Uma lei que gerou grande polémica e levou vários proprietários de centros comerciais a avançar com processos contra o Estado, exigindo indemnizações. Já o Orçamento do Estado para 2021 aprovou um desconto da renda fixa de até 50%, mas que seria calculado em função das perdas nas vendas.

“Para nós não faz muito sentido ter este modelo em que, quando há restrições, seja porque não podemos fazer saldos, porque nos limitam o número de clientes dentro das lojas, ou nos obrigam a fechar mais cedo ou ao fim de semana, as rendas não tenham qualquer tipo de alteração e tenha que ser a empresa a arcar com os prejuízos todos de uma forma isolada”, defende Miguel Pina Martins, que “continua a apelar para que haja uma efetiva partilha de sacrifícios entre todos os stakeholders da cadeia”.