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Foi em outubro de 2020 que Pedro Nuno Santos relançou o projeto da alta velocidade em Portugal. A apresentação final do Programa Nacional de Investimentos para 2030 (PNI2030) incluiu a construção das linhas Porto-Lisboa e Porto-Vigo. No caso do Porto-Lisboa, o Governo prescindiu da aposta em meras variantes à Linha do Norte e acelerou o objetivo de tempo de viagem das duas horas para uma hora e 15 minutos.
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Em abril de 2021, Pedro Nuno Santos deu o pontapé de saída para o Plano Ferroviário Nacional. O documento pretende estruturar a rede ferroviária até 2050 e garantir que todas as capitais de distrito (incluindo Bragança, Viseu e Vila Real) voltam a ter comboios a parar. O plano, no entanto, tem sofrido vários atrasos e pode acontecer que já seja submetido à Assembleia da República num Governo liderado por Pedro Nuno Santos.
O plano apresentado tornou-se em mais um encargo para a Infraestruturas de Portugal (IP), empresa responsável pelas obras da rede ferroviária que esteve sob tutela do novo líder do PS durante praticamente quatro anos. É também da responsabilidade da IP a execução do plano de investimentos para 2020 (Ferrovia 2020), apresentado em 2016 e que já em 2019 acumulava atrasos de vários anos. Na altura, havia obras, como a renovação da Linha do Norte entre Válega e Espinho, que apenas ficariam prontas em 2022 ou 2023, mais de três anos depois do prazo.
Em novembro de 2019, o ministro assumiu os atrasos e atravessou-se com um possível regresso da CP à era pré-Refer e desfazer a IP, que junta a gestão das estradas com a rede de caminho-de-ferro: “Carril de um lado e comboio do outro é uma coisa que me faz muita confusão”, assumiu numa conferência na sede da IP, no Pragal. Em 2021, contudo, Pedro Nuno Santos já admitia manter a IP tal como está, para aproveitar que as receitas das portagens financiem as obras sobre carris a partir de 2030.
No final de 2023, há várias obras calendarizadas no programa do Ferrovia 2020 que apenas ficarão concluídas em 2027, como a eletrificação da Linha do Douro entre Marco de Canaveses e Régua. Ainda nesta linha, Pedro Nuno Santos foi um dos ministros que prometeram que os comboios regressariam ao troço Pocinho-Barca d”Alva, encerrado desde o final de 1988. Os anos passam e a promessa ainda não passou do lançamento de um concurso público para um projeto que já foi estudado pela Comissão de Coordenação da Região Norte e que com taxa de rentabilidade acima dos 8%.
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De referir ainda que várias obras do Ferrovia 2020, como a eletrificação da Linha do Minho e o regresso do comboio ao percurso entre Covilhã e Guarda, deixaram várias estações e apeadeiros com plataformas demasiado pequenas para caberem comboios como o Intercidades.
Foi também no mandato de Pedro Nuno Santos que Portugal deixou de ter comboios noturnos. Em março de 2020, a pandemia serviu de pretexto para o parceiro espanhol da CP, a Renfe, suspender a ligação entre Lisboa e Madrid (comboio Lusitânia) e acabar com o aluguer de material circulante para a ligação entre Lisboa e Hendaye, na fronteira francesa. Mesmo tendo participado em três cimeiras ibéricas, o então ministro nunca conseguiu convencer os homólogos espanhóis a manterem estas ligações ferroviárias, em contra-ciclo com o que está a acontecer no resto da Europa.
Ainda no domínio ibérico, Pedro Nuno Santos chegou a sugerir que Espanha tinha de “dar a corda aos sapatos” para que avançasse a ligação de alta velocidade entre Porto e Vigo. No final de 2023, do lado espanhol, já há duas opções para a saída sul de Vigo; do lado português, ainda não há cenários para a construção do troço entre Braga e Valença, permitindo viagens entre a cidade Invicta e a cidade galega em uma hora.
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