A reunião do Eurogrupo (conselho informal dos ministros das Finanças da zona euro), que devia terminar esta terça-feira, vai prolongar-se pela noite e amanhã de manhã cedo na tentativa de todos os 19 ministros das Finanças concordarem num plano robusto de resposta à crise económica do coronavírus, revelou o ministro das Finanças de Malta.
A discussão entre os ministros vai continuar, como referido. Para já, as conclusões deste encontro só serão comunicadas cerca das 9h00 desta quarta-feira (8 de abril).
Edward Scicluna, o ministro maltês, está com os seus pares há horas numa reunião difícil, na qual o ministro das Finanças holandês estará a levantar muitos obstáculos às medidas e aos contornos do texto final, que terá de ser anunciado mais tarde pelo presidente do Eurogrupo, Mário Centeno.
As conclusões da reunião serão publicadas aqui.
No Twitter, Scicluna diz que “a reunião do Eurogrupo é uma maratona que pode durar até amanhã de manhã [quarta-feira, 8 de abril] para chegar a acordo num plano financeiro de emergência robusto e com quatro pilares” para toda a Europa. Horas antes, Centeno tinha proposto uma solução em quatro pilares.
A marathon #Eurogroup meeting possibly lasting until tomorrow morning to agree a four pronged robust European wide emergency financial plan, to support European workers and companies during the #COVID19 crises and more importantly to pave a way towards a sustainable recovery. pic.twitter.com/IUL9ihnALF
— Prof Edward Scicluna (@edward_scicluna) April 7, 2020
Recorde-se que o responsável pelas Finanças da Holanda tem aparecido como uma das vozes mais violentas contra o discurso a favor das coronabonds e da mutualização de dívida, tendo motivado uma censura veemente do próprio primeiro-ministro de Portugal, António Costa.
Wopke Hoekstra, o governante holandês, foi acusado por Costa de falta de solidariedade e de fazer declarações “repugnantes”, quando disse que os países do sul da Europa não teriam margem de manobra orçamental para dedicar tantos recursos ao combate da pandemia, tendo em conta a fragilidade estrutural das suas contas públicas.
Hoekstra entretanto recuou, quase que pediu desculpa, mas continuará a dar luta no Eurogrupo. Com ele podem estar os governantes da Alemanha e da Finlândia, os habituais “frugais” em matéria orçamental.
Horas antes, Centeno tinha defendido um entendimento, não com recurso a coronabonds ou qualquer outro instrumento de dívida europeia mutualizada (omitiu este tipo de referências), mas antes um plano assente em três pilares.
O presidente do Eurogrupo defendeu “o pacote de maior dimensão e mais ambicioso alguma vez preparado pelo Eurogrupo”.
Um plano “abrangente” de respostas (algumas já anunciadas, aliás) baseado nos “esforços sem precedentes já levados a cabo pelos governos e autoridades monetárias”. Valor” “quase 500 mil milhões de euros”.
Pilar 1. Trabalhadores
“Em primeiro lugar, uma rede de segurança para os trabalhadores. A Comissão propôs um programa de 100 mil milhões de euros para financiar regimes de proteção de emprego”, disse Centeno, citado pela Lusa, referindo-se ao programa «SURE» proposto pela presidente da Comissão europeia, Ursula von der Leyen, de apoios para programas de suspensão de contratos de trabalho (lay-off) apoiados pelos Estados.
Pilar 2. Empresas
“Em segundo lugar, uma rede de segurança para as empresas. O Banco Europeu de Investimento propôs uma garantia de 200 mil milhões de euros para apoiar as empresas em dificuldades, especialmente as pequenas e médias empresas”, acrescentou Centeno.
Pilar 3. Países
Por fim, o ponto mais controverso. O ministro português falou de “uma rede de segurança para os países”. Aludiu ao papel do fundo de resgate permanente da zona euro, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE ou ESM na sigla em inglês), que “propôs linhas de crédito cautelares até 240 mil milhões de euros [2% do PIB de cada país do euro], para assegurar que todos têm os recursos adequados para responder”.
(atualizado 00h10 com mais informação sobre o decorrer dos trabalhos do Eurogrupo)
Deixe um comentário