Ricardo Salgado já reagiu à acusação do Ministério Público no âmbito da investigação do caso BES/Grupo Espírito Santo. O antigo banqueiro, um dos 25 arguidos acusados no âmbito deste processo, já foi notificado e diz não ter praticado qualquer crime. “Esta acusação “falsifica” a história do Banco Espírito Santo.”
“Espera-se que, depois de tantas e sucessivas prorrogações de prazo que foram concedidas ao Ministério Público para concluir o inquérito, seja também concedido à Defesa um prazo razoável e condições dignas para o exercício cabal dos seus direitos com igualdade em relação a quem agora o acusa”, diz a Defesa em comunicado enviado às redações.
“Durante todo o inquérito, as provas foram escondidas do Dr. Ricardo Salgado, apesar dos insistentes e reiterados pedidos da Defesa contra essa obstrução, mesmo depois de ultrapassados todos os prazos de um putativo segredo de justiça “interno”, que funcionou para a Defesa, mas não existiu para, ao longo do tempo, distorcer a verdade na praça pública”, reagiu a Defesa do ex-presidente do BES.
O antigo gestor diz ter sido confrontado ao longo deste processo com “infindáveis juízos de valor vagos e genéricos, em vez de ter sido confrontado com factos concretos”, situação que o impediu de “prestar declarações sobre interminável matéria nova nas vésperas da pré-anunciada acusação, com os consequentes vícios que isto gerou no processo.”
Ricardo Salgado é um dos 25 arguidos no processo (18 pessoas singulares e 7 pessoas coletivas, nacionais e estrangeiras) tendo o Ministério Público do Departamento Central de Investigação e Ação Penal “deduzido acusação pelo crime de associação criminosa (relativamente a 12 pessoas singulares e 5 pessoas coletivas) e pelos crimes de corrupção ativa e passiva no setor privado, de falsificação de documentos, de infidelidade, de manipulação de mercado, de branqueamento e de burla qualificada contra direitos patrimoniais de pessoas singulares e coletivas”, segundo o comunicado do Ministério Público.
Banqueiro nega acusações e fala em resolução “desastrosa” do BES
A Defesa do antigo banqueiro nega o seu envolvimento. “O Dr. Ricardo Salgado não praticou qualquer crime e esta acusação “falsifica” a história do Banco Espírito Santo.”
“É uma acusação pré-anunciada desde o dia 3 de agosto de 2014, data em que o Governador cessante do Banco de Portugal anunciou a morte do BES (depois deste banco ter sido afundado em provisões ilegais) e proferiu a “sua sentença” para justificar o desastre da resolução, que, agora, está a condicionar a Justiça”, aponta a Defesa, acusando do Banco de Portugal de ter intervido neste inquérito-crime, “em claro e manifesto conflito de interesses.”
A resolução do BES foi “um erro colossal que causou e causa prejuízos inquantificáveis ao país. Os próprios “lesados do Banco de Portugal” (e não do BES) assim o dizem hoje, até porque é indesmentível que, enquanto o Dr. Ricardo Salgado esteve no BES, os clientes foram reembolsados em 1,5 mil milhões de euros de papel comercial só no 1.º semestre de 2014”, refere a Defesa. “Enquanto o Dr. Ricardo Salgado esteve no BES, não houve lesados.”
A Defesa de Ricardo Salgado atribui a resolução do BES a uma “decisão política”, uma decisão que classifica de “desastrosa”.
“A partir dessa desastrosa decisão que não foi sua, o Dr. Ricardo Salgado sempre soube que todos os pecados dos que tomaram esta decisão seriam expiados na sua pessoa e que, com enorme probabilidade, passaria o resto dos seus dias a lutar por Justiça nos Tribunais.”
“O Dr. Ricardo Salgado assume e assumirá a responsabilidade pelos actos que praticou, demonstrando que não praticou actos ilícitos, explicando as suas motivações e mostrando que sempre agiu de boa-fé naquilo que lhe parecia ser o melhor interesse do Banco que teve a honra de ajudar a reconstruir.”
E, garante a Defesa, “não deixará de utilizar todos os mecanismos legais para repor a verdade histórica em relação à sua pessoa e ao BES”, afinal, remata, “por muito que alguns queiram, a história de vida de uma pessoa não se apaga com a facilidade com que se muda uma marca.”
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