O líder social-democrata, Rui Rio, defendeu este domingo que Portugal tem de saber construir um Orçamento do Estado que tenha um excedente (superavit) nas contas em tempos de crescimento económico, o que nunca foi feito em 45 anos.
“Com crescimento económico temos de conseguir construir o nosso orçamento de forma a ter superavit nas contas. Porque, se não tivermos superavit nas contas quando há crescimento económico, nós não temos condições de não ter défice nas contas quando não há crescimento económico”, disse Rui Rio.
Em declarações, na Figueira da Foz, durante o encerramento da Universidade Europa e perante cerca de 70 jovens militantes e simpatizantes da JSD, o presidente do PSD frisou que em tempos de crise, quando não há crescimento económico, Portugal deve ter défice nas contas, embora “controlado”.
“Aumentam os subsídios de desemprego, baixam as contribuições para a Segurança Social e isso nós devemos, pura e simplesmente, deixar que fique em défice”, argumentou.
Mas para isso, para haver um défice controlado em tempos de crise, “quando temos crescimento económico, temos de ter superavit“, reafirmou.
“E foi este trade off que ao longo de 45 anos [desde o 25 de Abril de 1974] nunca se fez. E é assim que temos de preparar o país, para que o país seja equilibrado e atenue as crises, temos de ter mecanismos de defesa que nos permitam que o sofrimento decorrente dessa crise económica seja o menor possível e esses preparam-se em períodos de crescimento económico”, observou o líder do PSD.
Rui Rio disse ainda, sem especificar, que esta proposta “não é popular”, que o Governo do PS não a aplica “nem nunca o fará” e que “o pouco que faz é porque tem de cumprir as regras de Bruxelas”.
“Mas eu tenho consciência do que estou a dizer, e se estivesse aqui só para dizer coisas populares não era eu que estava aqui, tinha de ser outro que tem mais jeito para isso do que eu”, frisou.
Na sua intervenção, o líder social-democrata defendeu ainda, entre outras propostas que quer ver concretizadas pela União Europeia, a existência de fundos estruturais “com objetivo do reequilíbrio das contas nacionais” de cada país, a “solidariedade” entre estados-membros da UE em assumir “parte dos subsídios de desemprego”, quando o desemprego aumenta “muito” e “algo que não existe e é absolutamente fundamental, que é o fundo de garantia de depósitos”.
“Se tiverem 20 mil euros à ordem ou a prazo e houver um problema no banco, os 20 mil euros aparecem porque há um fundo que vos garante os 20 mil euros. Se tiverem 80 [mil] também, se tiverem 100 [mil] também, se tiverem 120 [mil], 100 [mil] estão garantidos, os outros 20 [mil] logo se vê, em principio não. Mas para isto ser verdadeiramente robusto, não pode ser o país, neste caso Portugal, a garantir esses 100 mil euros, tem de ser a Europa como um todo, pela sua escala, a garantir esses 100 mil euros”, defendeu.
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