As taxas da dívida do país atingiram máximos de mais de quatro anos nesta semana e o risco face a Portugal e a Espanha subiu para o valor mais alto de sempre. A coligação dos partidos antissistema e eurocéticos Movimento 5 Estrelas e Liga ameaça entrar em confronto com Bruxelas sobre os planos orçamentais para o próximo ano. E isso está a deixar os investidores e as agências de rating com um pé atrás em relação à dívida italiana.
A Fitch baixou, nesta sexta-feira, a perspetiva para o rating italiano de estável para negativo. A agência justificou a decisão. Avisou que “o risco da reversão de reformas estruturais ter impacto negativo nos fundamentos de crédito de Itália aumentou” e considerou que “aos riscos orçamentais e políticos junta-se também um nível elevado de incerteza política”. A Fitch manteve o rating de BBB (dois níveis acima de lixo). É a mesma nota que dá a Portugal.
Esses receios também são demonstrados pelos investidores. Só em junho, data dos dados mais recentes divulgados pelo Banco de Itália e citados pela Reuters, os investidores estrangeiros tiraram mais de 30 mil milhões de dívida italiana. Essa fuga tem levado a que se exija um juro cada vez maior para se financiar Itália.
Nesta semana, Roma pagou o juro mais alto dos últimos quatro anos para garantir financiamento a cinco e a dez anos. E têm surgido notícias, não confirmadas oficialmente, de que para fazer face à pressão Roma terá pedido ajuda a Trump e terá pressionado o Banco Central Europeu a continuar com as compras de dívida.
No mercado secundário, e ainda antes da decisão da Fitch, os investidores exigiam uma taxa de 3,24% para comprar dívida italiana a dez anos. Para Portugal, o juro exigido é de 1,92%. A diferença entre as taxas dos dois países está perto de máximos históricos.
Apesar da incerteza que paira sobre as medidas orçamentais que a coligação italiana irá tomar e os seus impactos nas contas públicas, há bancos a apostar que a dívida italiana possa recuperar em relação à portuguesa. Numa nota a que o Dinheiro Vivo teve acesso, o alemão Commerzbank observa que “na periferia, os prémios de risco de Itália atingiram máximos históricos em relação a Espanha e a Portugal”. Mas os bancos defendem que “a estes níveis vemos potencial [da dívida italiana] especialmente contra Portugal, que será provavelmente o mais exposto a contágio” caso a instabilidade aumente.
Deixe um comentário