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Os bancos não gostam que se fale em despedimentos. Preferem falar em reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo. Mas o que é certo é que os sindicatos estão preocupados com a nova vaga de ‘convite’ à saída de trabalhadores no setor. Atualmente, estão em curso processos de cortes de pessoal no Banco Montepio e no Santander. Um dos sindicatos da banca, o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) reúne-se amanhã e na quarta-feira com os trabalhadores do Santander e do Montepio, respetivamente. Mas, em geral, todos os sindicatos dizem estar vigilantes e já avisaram que não vão aceitar pressões nem assédio dos bancos sobre os bancários. “
Num comunicado conjunto destinado aos trabalhadores do Santander a que o DN/Dinheiro Vivo teve acesso, o SNQTB, o Sindicato dos Bancários do Norte e o Sindicato Independente da Banca frisaram que “este procedimento massificado (de propostas de rescisão) não se compagina com a prática que o Banco Santander sempre seguiu, sendo surpreendente numa Instituição que se tem notabilizado pelos lucros que, repetida e sistematicamente, obtém em Portugal”. O Santander não divulga com quantos trabalhadores pretende fazer acordos de rescisão ou para pré-reforma.
Para já, o banco tem convocado os trabalhadores para a realização de reuniões, com um representante dos recursos humanos e um consultor externo. “O SNQTB, SBN e SIB estarão particularmente vigilantes quanto ao cumprimento da Lei e do Acordo Coletivo de Trabalho do setor bancário e ao desenvolvimento deste processo de propostas de rescisões por mútuo acordo no Banco Santander”, garantiram os sindicatos aos trabalhadores.
Apontado como um dos bancos mais vulneráveis ao impacto da crise atual, o Montepio avançou com um plano de reestruturação para cortar custos. Em causa está a saída de centenas de trabalhadores e o fecho de dezenas de balcões do Montepio.
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Tendência na banca
Mas o Santander e o Montepio não são os únicos bancos a querer emagrecer os seus quadros. Millennium bcp, Caixa Geral de Depósitos e Novo Banco são bancos que sinalizaram mais saídas. O BCP anunciou em abril que iria adiar a redução de trabalhadores que tinha previsto para 2020, para o início do próximo ano.
No caso da CGD, continua este ano a cumprir o seu plano de redução do número de trabalhadores previsto no acordo com a Comissão Europeia. Este plano de reestruturação envolve a saída de 250 bancários na segunda metade de 2020, além dos 179 que saíram em junho. A administração admitiu que podem sair mais trabalhadores do que os que estavam previstos no plano. Já o Novo Banco, segundo o SNQTB, tem vindo a propor a pré-reforma e rescisões amigáveis.
Entre junho de 2019 e junho deste ano, os bancos fecharam 117 balcões, mas aumentaram os seus quadros e empregam agora o maior número de trabalhadores desde 2016. Segundo dados da APB-Associação Portuguesa de Bancos, no final de junho deste ano, o setor empregava 46.714 trabalhadores, mais 41 do que no mesmo mês de 2019. No final do primeiro semestre, existiam 3.695 balcões bancários, menos 117 do que no final de junho do ano passado. Trata-se o número mais baixo desde há mais de duas décadas.
O setor tem vindo a encerrar agências em todo o país e, nos últimos anos, diversos bancos levaram a cabo planos de despedimentos. Mas a crescente tendência da banca online e a maior concorrência de rivais digitais tem levado os bancos a recrutar trabalhadores fora do setor de banca tradicional.
Os analistas antecipam que a crise económica provocada pelas medidas do governo adotadas no âmbito da epidemia deverá levar os bancos a voltar a despedir. O impacto da crise atual já foi visível nas contas das instituições financeiras na primeira metade deste ano. Nos primeiros seis meses, os resultados líquidos dos bancos caíram 77% face ao período homólogo, uma descida maioritariamente explicada pela necessidade de reforçar a constituição de imparidades.
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