A associação ambientalista Zero considera que, ao nível das ligações ferroviárias internacionais, Portugal está “no ponto mais baixo”.
A conclusão é alcançada depois de elementos de três associações ambientalistas terem ido a Madrid para as Primeiras Jornadas Ibéricas pela Ferrovia. Uns foram foram de autocarro, outros de comboio. No fim fez-se o balanço e concluíram que os que foram pela opção menos poluente, o comboio, ficaram pior servidos.
“Quem foi de autocarro chegou mais rapidamente porque tinha um serviço direto de Lisboa para Madrid. Nós, que fomos de comboio, tivemos bastante mais dificuldade, não só na aquisição dos bilhetes em dois sites diferentes, tivemos também que fazer três transbordos e não foi uma viagem, em alguns troços, tão confortável”, descreve Acácio Pires, da Zero.
Nestas declarações à Renascença, Acácio Pires acrescenta que, “em termos de ligações internacionais, estamos quase no século XIX, até um pouco mais atrasados”.
Acácio Pires lembra que não há “ligações entre Lisboa e Paris, que é um serviço extremamente antigo em Portugal”, assim como não há ligações a Madrid e o resto de Espanha.
“Estamos talvez no ponto mais baixo das ligações internacionais ferroviários a partir de Portugal e há que inverter rapidamente este ciclo e há condições para o fazer“, apela.
Acácio Pires diz que falta acordo político entre os dois países para, por exemplo, repor as ligações internacionais noturnas bem como a operação diurna da CP em Espanha e da espanhola Renfe em Portugal.
Este dirigente da associação ambientalista Zero defende ainda um maior envolvimento da sociedade civil para reclamar ao Executivo uma clara aposta no setor da ferrovia.
Viagem de autocarro mais rápida e cómoda
Num comunicado conjunto, o GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, a Quercus-ANCN (Associação Nacional de Conservação da Natureza) e a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável resumiram a comparação entre as viagens feitas de autocarro e comboio.
No caso do comboio, a duração total da viagem entre Lisboa e Madrid, foram necessários três transbordos, sendo que, no total, prolongou-se por 11 horas e 13 minutos, com um custo de 51,57 euros. Já de autocarro, a viagem foi direta, durou 7 horas e 25 minutos e custou 60 euros.
As associações ambientalistas querem “medidas urgentes”, defendendo um ajustamento de horários na ligação ferroviária para eliminar um transbordo e reduzir o tempo total da viagem, o que implicará “melhorar substancialmente as condições à disposição dos trabalhadores que asseguram a ligação entre o Entroncamento e Badajoz, bem como introduzir melhorias operacionais neste percurso”.
As associações propõem também a promoção junto da Comissão Europeia da “necessária autorização para o financiamento dos serviços noturnos entre Lisboa e Madrid”.
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