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Os confinamentos impostos pela pandemia de Covid-19 têm deixado as luzes dos palcos apagadas e os artistas sem trabalho. De acordo com um estudo europeu, a pandemia afetou, sobretudo, os setores cultural e criativo. O património e as artes do palco são as áreas mais atingidas.
A análise da “EP Researchers”, que é apresentada nesta quinta-feira na comissão parlamentar da Cultura e Educação, em Bruxelas, confirma que, ao nível dos festivais, as perdas ascendem a três mil milhões de euros.
Os números apresentados são, na sua maioria negativos. Os artistas, trabalhadores por conta própria e os temporários da Cultura são os que mais sofreram com a paragem da atividade.
São 150 páginas de um estudo que revela, setor a setor, as consequências da pandemia e, em particular, da paragem de atividade dos setores cultural e criativo durante o último ano.
Em Itália, o mercado discográfico registou uma diminuição de mais de 50% na venda de CDs e, nos discos de vinil, 37%. Já na indústria cinematográfica, a rodagem de filmes e séries ficou suspensa.
No caso britânico, estima-se que 50 mil trabalhadores freelancers perderam o trabalho.
Na venda de livros, o estudo indica quebras de vendas entre 75% e 95%. No caso português, durante o primeiro confinamento, a venda de livros caiu 78%.
Com a pandemia, a rádio registou um aumento do número de ouvintes – no caso francês, a audiência duplicou.
Dos poucos setores que saíram a ganhar com a pandemia, escreve o estudo, destaque para as plataformas de ‘streaming’, como a Netflix e os videojogos, que registaram um aumento de procura no confinamento de 2020.
Segundo o estudo, a crise pôs em evidência a vulnerabilidade de muitos trabalhadores da Cultura, um setor que, já antes da Covid-19, se caracterizava por estruturas e práticas de trabalho frágeis.
Testes à entrada dos festivais?
Em Portugal, a Associação dos Promotores de Espetáculos e Festivais tem vindo a reunir-se com os Ministérios da Cultura e da Economia e com a Direção-Geral de Saúde (DGS).
Segundo Luís Pardelha, dos Produtores Associados, a realização de testes à entrada dos festivais é uma das propostas apresentada e que está em discussão.
“É uma proposta que pode ser um passo decisivo para viabilizar muitas coisas”, afirma à Renascença. Luís Pardelha considera mesmo que a proposta “pode ser um primeiro passo para uma normalização, tão rápida quanto possível, deste mercado”.
“Essa hipótese dos testes existe. Estamos a trabalhar e estamos a dialogar”, remata.
Mas não se arrisca uma data para a retoma. Os produtores gostavam que o mês de abril fosse uma boa hipótese, até porque há quebras superiores a 90% na faturação das empresas.
E não só “das empresas de promoção de espetáculos, mas de todo o ecossistema cultural, desde os músicos aos próprios técnicos ou às empresas que montam palcos, de audiovisuais. As quebras de receitas, nalguns casos até são superiores a 90%. São números catastróficos, arrasadores”, sublinha Luís Pardelha.
Os promotores já escreveram uma carta aberta ao primeiro-ministro e aos ministros da Cultura e da Economia, a pedir que parte do dinheiro da chamada “bazuca europeia” seja utilizado neste setor, cultural e criativo.
Para dia 4 de março está agendada nova reunião com a DGS e os Ministérios da Cultura e da Economia.
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