//Saúde mental dos trabalhadores causa perdas de 3,2 mil milhões de euros às empresas portuguesas

Saúde mental dos trabalhadores causa perdas de 3,2 mil milhões de euros às empresas portuguesas

Para mudar este panorama, as organizações devem recolher, regularmente e de forma sistematizada, ferramentas de avaliação dos riscos psicossociais, sendo que os mesmos devem ser partilhados com os trabalhadores.

As recomendações e as críticas ao Governo

A OPP aconselha as organizações a “implementar planos de prevenção e intervenção nos riscos psicossociais por exemplo, ações no âmbito do stress ocupacional, violência, assédio ou conflitos, e ainda a aplicação de medidas de apoio à parentalidade e ao equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal e familiar.

Miranda Rodrigues diz que esta regulamentação tem de ser igual para todos, com as devidas diferenças, para que “a avaliação dos riscos psicossociais passe a ser obrigatória”. Só assim, se evita que haja um estigma “ainda maior nas organizações que é a de depois de fazerem a avaliação terem de lidar com o resultado e com uma possível imagem negativa que possa daí advir”.

Isso faz, sublinha, com que as empresas omitam os problemas que têm com o absentismo e o presentismo para não ter de lidar com uma eventual má imagem pública que daí pode emergir.

Por fim, e no que diz respeito às recomendações às empresas, o documento sinaliza ainda que as organizações devem garantir o acesso a serviços de psicologia.

Ao Governo, os investigadores aconselham que crie a figura do psicólogo do trabalho, que à semelhança dos enfermeiros e médicos do trabalho assumiria a responsabilidade da “avaliação dos riscos psicossociais e do bem-estar, no âmbito da vigilância da Saúde”.

O bastonário da Ordem dos Psicólogos é muito critico da ação deste Governo, que considera que, neste aspeto, tem sido o parceiro com que mais difícil é de dialogar e que mantém a postura de maior indiferença em relação a esta questão. “Tem sido a parte mais escondida, mais omissa, e mais inerte de todo este processo”, diz Miranda Rodrigues.

Os sindicatos também são merecedores de reparos porque, muitas vezes, se opõem à realização destes estudos nas empresas, por temerem “qual será a utilização dada aos dados obtidos e os mesmos poderem ser utilizados contra os trabalhadores pelas entidades patronais”.

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