“Não desistimos à primeira.” Miguel Pina Martins, fundador e presidente executivo da Science4you, não baixou os braços perante o iminente fracasso da estreia da empresa em bolsa, que estava prevista para 21 de dezembro. Pediu autorização ao regulador do mercado para prolongar o prazo da oferta e anunciou um plano para garantir liquidez aos títulos. Para Miguel Pina Martins, estas condições serão suficientes para garantir que vão surgir mais investidores interessados e assim ficar viabilizada a operação. “Estamos mais confiantes agora, que ganhámos tempo”, disse o CEO da Science4you ao Dinheiro Vivo. “Achámos que melhorar um bocadinho a oferta, ao dar mais liquidez, poderia ajudar”, adiantou.
A empresa que vende brinquedos didáticos tenta assim salvar a sua oferta pública que decorre num dos piores momentos no ano nas bolsas. Os mercados acionistas deverão terminar 2018 como o pior ano desde a crise financeira de 2008. Mas as condições adversas e a fraca procura por parte de investidores não fez a Science4you recuar na sua intenção de ser uma empresa cotada. No último dia da sua oferta, a empresa anunciou a intenção de prolongar a operação até ao dia 1 de fevereiro de 2019. Ao mesmo tempo, pediu ainda à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) autorização para acrescentar uma outra adenda ao prospeto da sua oferta. Isto porque a Science4you pretende celebrar com um intermediário financeiro um contrato de liquidez de forma a garantir que as suas ações podem ficar mais atrativas aos olhos dos investidores. O facto de se tratar de uma empresa pequena que pretende ficar cotada no sistema de negociação multilateral Euronext Growth deixa muitos investidores ao largo, por temerem a fraca liquidez nas ações da empresa, ou seja, que registe poucas transações. A empresa garante que até ao dia 11 de janeiro vai informar o mercado sobre a celebração do contrato de liquidez.
Crescer no e-commerce
A Science4you pretende encaixar até 15 milhões de euros em duas operações: uma oferta pública de venda de até 2 755 102 ações e uma oferta pública de subscrição de até 3 367 346 ações, representativas, respetivamente, de 19,85% e de 24,26% do capital social da empresa. As operações avaliam a empresa entre 25 e 34 milhões de euros, dependendo do resultado das ofertas. A retalhista vende as suas ações a 2,5 euros cada. Para que a oferta da Science4you tenha sucesso, precisam de ficar colocadas, pelo menos, 2 040 817 ações.
A coordenação global das ofertas está a cargo do Montepio Investimento. A empresa pretende financiar-se para apostar na área de comércio eletrónico, de acordo com o prospeto enviado ao mercado. O aumento de capital visa financiar a “sua atividade geral e de investimentos futuros, nomeadamente tendo em vista a prossecução do processo de internacionalização e um modelo de negócio focado no e-commerce”.
São acionistas da empresa o Millennium Fundo de Capitalização, com 28,18% do capital, Miguel Martins, com 27,24%, e a Portugal Ventures, que através de diversos veículos detém 34,88%.
Estreias e cancelamentos
Em dois meses, foram duas as operações a ser canceladas na bolsa portuguesa: a da Sonae MC, braço da Sonae para o retalho, e a da Vista Alegre.
Por outro lado, há também sucessos a registar. A Flexdeal, a primeira Sociedade de Investimento Mobiliário para o Fomento da Economia em Portugal, entra em bolsa na véspera de Natal a valer 16 milhões de euros. E a Raize estreou-se em julho, com forte procura. A nível mundial, o número de estreias em bolsas abrandou em 2018. Na Europa, houve mesmo uma quebra do número de novas operações. E foram ainda canceladas ofertas iniciais – mais de 40 na Europa, segundo informações, até outubro, da empresa de dados dos mercados financeiros Dealogic.
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