//Segunda maior operação estatística em Portugal arranca amanhã

Segunda maior operação estatística em Portugal arranca amanhã

Demorou mais de dois anos a colocar no terreno, numa operação que envolve cerca de 1 650 pessoas, durante os próximos sete meses em todo o território para conhecer o setor que vale perto de 2% do produto interno bruto (PIB).

O recenseamento agrícola (RA) vai responder a questões como: quantas explorações agrícolas existem? Quem trabalha na agricultura? Que tipo de culturas? Ou quantas explorações têm trator ou outro tipo de maquinaria?

A operação começou a ser montada em setembro de 2017 e os resultados vão ser conhecidos em dezembro de 2020, ou seja, no total, são mais de três anos de trabalho. Envolve entrevistadores no terreno, técnicos superiores contratados, colaboradores permanentes do Instituto Nacional de Estatística e decorre em todo o país com 42 centros de análise, a nível nacional.

Fonte: INE

Fonte: INE

O RA é um inquérito estatístico efetuado de dez em dez anos, à semelhança do Censos da População e Habitação. As entrevistas são presenciais e todos os entrevistadores estão identificados com credenciais específicas e um colete com o logótipo do INE, como se pode ver na foto.

Fonte: INE

Fonte: INE

Os entrevistadores começam a sair para a rua esta sexta-feira, dia 25 de outubro, num processo que termina apenas em maio. Cada agricultor vai ser contactado por um entrevistador para agendar ou realizar logo o inquérito.

Dados para negociar a PAC
O RA não serve apenas para conhecer o setor agrícola em Portugal e a caracterização social e demográfica, constituindo uma importante ferramenta para a tomada de decisões políticas e para a negociação da política agrícola comum (PAC).

O INE refere que “a informação é indispensável à tomada concreta de decisões nas políticas agrícolas, de desenvolvimento rural, regional e territorial”, sublinhando que “este recenseamento tem a particularidade de ocorrer num período em que a nível nacional se verifica um interesse crescente de jovens empreendedores, quer por via de apoios quer mediante o uso cada vez mais frequente de novas tecnologias, quer ainda através da valorização da agricultura e da sua cada vez mais importante contribuição para o aumento das exportações nacionais.”

“A nível Europeu, com a negociação da Política Agrícola Comum pós 2020, os resultados do recenseamento agrícola poderão constituir um importante contributo para uma adequada definição dos planos estratégicos nacionais”, assinala o instituto de estatística.

Como era há 10 anos? Homens, 63 anos e ensino básico
Em 2009 foram recenseadas 305 mil explorações agrícolas em Portugal que ocupavam uma superfície de 3,6 milhões de hectares e já então se notava uma tendência para a diminuição do número de explorações e o aumento da dimensão média. “A natureza jurídica das explorações tenderá para a diminuição do número de produtores singulares e o aumento do número de empresas associada a uma agricultura mais intensiva, moderna e inovadora”, refere o INE em resposta a questões do Dinheiro Vivo.

Contudo, o Instituto Nacional de Estatística sublinha que “o aparecimento de culturas emergentes e a aposta que o setor tem feito nos frutos secos, particularmente a amêndoa, e na instalação de olivais intensivos, entre outras realidades só poderão ser devidamente avaliadas com os resultados finais” que serão conhecidos no final do próximo ano.

De acordo com os dados apurados, em termos de caracterização social, o agricultor típico era homem, com uma média de idade de 63 anos e qualificações ao nível do 1º ciclo do ensino básico. Trabalhava em média 22 horas por semana nas atividades agrícolas da exploração e o agregado familiar era de 2,7 indivíduos e o rendimento era sobretudo das pensões e reformas.

Em relação ao aproveitamento dos solos, registou-se, face a anteriores inquéritos, um aumento das superfícies de pastagens e prados, que ocupavam praticamente metade da superfície agrícola em utilização.

Metade com trator
Os resultados mostram ainda que 48 em cada 100 explorações tinham trator próprio. Há dez anos, mais de metade das explorações agrícolas do país dispunham de infraestruturas de rega, equivalendo a uma área potencialmente irrigável de cerca de 15% da superfície agrícola.

A produção biológica representava 3% da superfície agrícola e 0,4% do total de explorações recenseadas.

Notícia atualizada às 19:45 com mais informação do INE)

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