//“Sem turismo não há negócio” e o que vier é para “agarrar com unhas e dentes”

“Sem turismo não há negócio” e o que vier é para “agarrar com unhas e dentes”

Quase todo o setor do turismo teve uma quebra da atividade em 95%, revela a Associação Portuguesa de Agências de Viagem e Turismo. Nesta sexta-feira de manhã, na Renascença, o presidente da APAVT indica ainda que a maioria dos trabalhadores está em “lay-off”, o que tem evitado despedimentos.

“Quase todo o setor está em ‘lay-off’: 98% das nossas empresas não despediram. O ‘lay-off’ tem sido um instrumento a fundo perdido muito importante para todos nós. Sabemos que não chegará, isto é uma maratona, não é um sprint, mas neste momento, na fase em que não há mobilidade internacional, é o instrumento possível”, afirma Pedro Costa Ferreira.

O responsável compara números de abril de 2019 e deste ano para mostrar as dificuldades que o setor atravessa: “entre Espanha e Portugal, em abril do ano passado, transportaram-se cerca de 460 mil pessoas. Em abril deste ano, transportaram-se 26. Não é 26 mil, é 26”.

As atenções viram-se para já para o turismo interno, apesar de não ser suficiente.

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“A nossa expectativa é que o turismo interno possa arrancar, se não acontecer nenhuma surpresa, entre julho e agosto; depois o turismo de lazer, que não exige massas, poderá arrancar no último trimestre deste ano, juntamente com o ‘corporate’, o turismo de negócios. E apenas no próximo ano, o turismo em viagens de grupos e grandes massas”, prevê Pedro Costa Ferreira.

Quanto aos grandes eventos, “que são do que tipo de turismo que mais valor monetário tem para os países, e para Portugal, apenas recomeçarão no último semestre do próximo ano”, acrescenta.

“É preciso pôr a roda a andar”

Apesar de o turismo internacional ser fundamental para a retoma do setor, há que aproveitar todas as oportunidades que surjam em termos nacionais.

“Estamos a agarrar-nos a estas oportunidades com unhas e dentes, porque precisamos de pôr a roda a andar”, afirma o presidente da APAVT.

E os novos tempos trouxeram também novas preferências, o que pode ser positivo para alguns.

“O perfil da procura neste começo da roda a andar é muito diferente e traz algumas oportunidades”. Agora, o turista “não quer ‘mass market’, não quer grandes ajuntamentos”, o que “traz oportunidades para o alojamento local, para os hotéis de menor dimensão, para algum turismo de luxo e para o interior do país”.

Nesta fase, os grandes hotéis são os que mais sofrem. “Também estão a abrir, estão é a fazê-lo de forma muito complicada, apenas uma parte desses hotéis e isso, do ponto de vista da rentabilidade, é letal”, sublinha Pedro Costa Ferreira.

“É um grande esforço que todo o setor está a realizar para acordar”, resume.

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E os “vouchers”?

Nesta conversa no programa As Três da Manhã, o dirigente da Associação de Agências de Viagens e Turismo lembrou que os vales dados a quem tinha viagens que não pôde concretizar têm validade até dia 31 de dezembro de 2021.

“Os que não forem usados, serão trocados por dinheiro. E estão seguros contra a insolvência das empresas”, sublinhou.

Segundo o responsável, foram emitidos muitos milhares de “vouchers”. A medida “veio dar-nos tempo”, pois era impossível devolver o dinheiro a todos.

“Todos estes cancelamentos geraram uma rutura total da liquidez, não apenas nas agências de viagens, mas nos hotéis, na animação turística, nas companhias aéreas”, aponta.

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Pedro Costa Ferreira lembra também que “o ‘voucher’ é transmissível”.

O setor do turismo é fundamental para a economia portuguesa – só no ano passado, representou quase 20% das exportações portuguesas.

A aviação é, por isso, uma das áreas mais atingidas pela pandemia de Covid-19. Nesta sexta-feira, o diretor da Groundforce defende à Renascença o prolongamento do “lay-off”, porque ainda não há luz ao fundo do túnel.

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