//Serviços financeiros do Reino Unido querem “mais que estatuto de país terceiro”

Serviços financeiros do Reino Unido querem “mais que estatuto de país terceiro”

O setor dos serviços financeiros britânico tem interesse num “acordo ambicioso” com a União Europeia que garanta ao Reino Unido mais do que o estatuto de país terceiro, afirmou hoje uma responsável da City of London Corporation.

“Queremos obter o maior acesso possível ao mercado europeu, com autonomia regulatória, mas respeitando as regras europeias”, disse Catherine McGuinness, responsável pela pasta do brexit na City of London Corporation, que representa os interesses do setor de serviços financeiros do Reino Unido.

O setor “espera algo melhor do que estatuto de país terceiro”, o qual pode ser vulnerável a conflitos políticos, e o acesso ao mercado único europeu terminado com apenas 30 dias de antecedência.

“É necessário garantir o máximo de estabilidade para as empresas”, justificou, num encontro hoje com jornalistas.

O governo britânico definiu na segunda-feira as diretrizes para as negociações pós-brexit com a União Europeia (UE), propondo um acordo de comércio livre sem alinhamento regulatório e uma série de acordos separados em áreas como a segurança, pescas ou transportes.

Para o setor dos serviços, defende que o acordo de comércio livre a negociar “deve incluir medidas para minimizar as barreiras à prestação de serviços e investimentos além-fronteiras” e que “em áreas de interesse fundamental, como serviços profissionais e comerciais, pode haver margem” para ir além de acordos existentes.

“O Acordo deve exigir que ambos os lados forneçam um ambiente previsível, transparente e favorável às empresas para empresas de serviços financeiros, garantindo estabilidade financeira e fornecendo segurança às autoridades reguladoras e de negócios, e com obrigações de acesso ao mercado e de concorrência justa”, refere o documento publicado após um discurso do primeiro-ministro, Boris Johnson.

Nessa intervenção, o chefe do governo mostrou preferência por um acordo de comércio semelhante ao do Canadá, que eliminou quotas e tarifas aduaneiras sobre a maior parte dos bens, mas que mantém limitações em termos de serviços, que representam 80% do Produto Interno Bruto (PIB) e empregam aproximadamente 26 milhões de pessoas.

O setor financeiro em particular representa 6,9% do PIB britânico, 1,1 milhões de empregos e 29 mil milhões de libras (34,4 mil milhões de euros) em receitas fiscais.

As negociações só deverão começar em março, depois de os 27 Estados-membros da UE definirem, no final de fevereiro, as diretrizes que vão guiar a Comissão Europeia, responsável por liderar o processo.

Apesar do desafio que representa a saída do Reino Unido da UE, Catherine McGuinness está confiante de que o centro financeiro de Londres vai continuar a ser o maior da Europa, com Nova Iorque como o principal concorrente.

Alguns postos de trabalho já foram transferidos para Frankfurt, Dublin e Luxemburgo, estimando-se entre 2.000 e 7.000 na sequência deste processo, mas adiantou que o setor financeiro em Londres continua a crescer graças ao investimento em empresas tecnológicas especializadas.

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