A Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro) afirmou esta terça-feira que “é verdade e é notória” uma maior afluência aos postos de abastecimento em Portugal, mas garantiu que “não há razão para alarme”, pois “não há falta” de combustível.
“Não há postos de abastecimento, que pertençam aos nossos associados, que estejam sem combustível”, garantiu à agência Lusa João Reis, assessor para a Comunicação da Apetro, adiantando que “há sim uma maior afluência” e isso “é notório e verdade”, mas “não há razão para alarme”.
E prosseguiu: “Do lado da procura, para minimizar os efeitos da greve dos camionistas, quaisquer que sejam os setores, e para que as perturbações sejam mínimas, estão a ser mantidos os ‘stocks’ no máximo e as empresas petrolíferas estão a fazer o planeamento dos postos de combustíveis [da rede dos associados da Apetro]”.
Neste período de férias, os postos de combustíveis no país, por exemplo no Algarve, “estão a vender mais”, pelo que “há um maior reforço” do abastecimento na região, explicou o responsável à Lusa, lembrando que em Lisboa se poderá “vender menos”, ou seja, nesta altura do ano existe “um fluxo migratório e sazonal normal”.
Do lado da oferta, “está-se a vender um pouco acima do normal, mas há um maior reforço do abastecimento. Que saibamos, não há rutura de ‘stocks’”.
A logística e distribuição na área dos combustíveis “é atualmente ajudada pela indicação dos ‘stocks’ nos postos de combustíveis”, disse à Lusa José Reis, adiantando que, para já, na situação que se vai viver até dia 12 de agosto, data do início do pré-aviso da greve dos motoristas das matérias perigosas não se esperam “razões para alarme”.
O Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e Sindicato Independente de Motoristas de Mercadorias (SIMM) entregaram um pré-aviso de greve que arranca na segunda-feira por tempo indeterminado.
O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, por sua vez, disse hoje que a greve dos motoristas ainda pode ser desconvocada e que, se os sindicatos “não querem efetivamente a greve”, devem recorrer ao mecanismo de mediação, em que o Governo apresenta uma proposta de convenção coletiva de trabalho.
No entanto, reiterou o ministro, e apesar de acreditar que ainda há tempo para cancelar a paralisação com início marcado para 12 de agosto, o Governo continua “a trabalhar para o cenário de greve”.
Depois de uma greve em abril que deixou os postos de abastecimento sem combustível, em maio, foi feito um acordo entre patrões e SNMMP que prevê uma progressão salarial, com início em janeiro de 2020, e que inclui um prémio especial, passando assim de uma retribuição base de 630 euros para 1.400 euros fixos, mas distribuídos por várias rubricas.
Em 15 de julho foi marcada nova greve pelos sindicatos SNMMP e Sindicato Independente de Motoristas de Mercadorias (SIMM), acusando a Antram de não querer cumprir o acordo assinado em maio.
Os representantes dos motoristas pretendem um acordo para aumentos graduais no salário-base até 2022: 700 euros em janeiro de 2020, 800 euros em janeiro de 2021 e 900 euros em janeiro de 2022, o que, com os prémios suplementares que estão indexados ao salário-base, daria 1.400 euros em janeiro de 2020, 1.550 euros em janeiro de 2021 e 1.715 euros em janeiro de 2022.
O Governo terá que fixar os serviços mínimos para a greve, depois das propostas dos sindicatos e da Antram terem divergido entre os 25% e os 70%, bem como sobre se incluem trabalho suplementar e operações de cargas e descargas.
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