O Sindicato dos Jornalistas (SJ) anunciou esta quinta-feira que vai apresentar um caderno reivindicativo ao Governo e ao parlamento eleitos nas legislativas de domingo em que alertará para a necessidade de refletir sobre o papel dos jornalistas.
“É preciso refletir sobre o papel dos jornalistas enquanto classe e enquanto profissionais com especial responsabilidade na defesa da democracia e da liberdade”, refere o SJ em comunicado.
No documento, o sindicato lembra que “o jornalismo é um pilar fundamental da democracia, um compromisso com a liberdade e a independência, a pluralidade e a diversidade, a dignidade humana e o bem-estar social”.
“Num momento tão importante como o das eleições de 6 de outubro, importa assinalar que o jornalismo não se reduz ao dever de informar, cabendo-lhe escrutinar os poderes, vigiando-os, assacando-lhes responsabilidades, denunciando promessas não cumpridas. Porém, esta é uma missão sob ameaça – pelo desemprego, pela precariedade, por ataques à liberdade individual e coletiva dos/as trabalhadores/as”, refere.
Num contexto em que o jornalismo em Portugal sinaliza a mais alta taxa de desemprego de sempre, o SJ alerta que o trabalho “fantasia-se de independente, quando, na verdade, se faz precário e o estágio dura anos a fio, em redações sem tempo nem disponibilidade para formar ninguém”.
“A precariedade não escolhe idades e os salários são indignos para uma profissão com tamanha responsabilidade social”, refere ainda o sindicato lembra que um terço dos jornalistas portugueses ganha hoje menos de 700 euros líquidos e não tem qualquer vínculo laboral.
“Num contexto de excessiva concentração, pequenos e médios projetos desaparecem, redações esvaziam-se de gente sem que sejam assacadas responsabilidades aos gestores danosos que as administraram, fusões cada vez mais açambarcadoras encolhem a pluralidade e a realidade vai sendo mediada por olhares cada vez menos diversos”, afirma.
“A liberdade de reunião e associação é posta em causa: pertencer a sindicatos, comissões de trabalhadores e conselhos de redação tem um preço demasiado alto. O medo e a auto-censura instalaram-se. O lema é agora fazer muito em menos tempo, num exercício cada vez mais condicionado a agendas oficiais e institucionais”, acrescenta.
De acordo com o SJ, é assim urgente também debater o tema do financiamento dos media em Portugal, quando a independência do jornalismo está em risco por razões de sustentabilidade e refere que o tema será debatido numa conferência a realizar entre os dias 02 e 03 de dezembro.
“É urgente endurecer o combate à precariedade laboral no setor da comunicação social, o que passa por fortalecer a negociação coletiva nos órgãos de informação e reforçar as competências e a capacidade de intervenção da Autoridade para as Condições do Trabalho”, indica.
“É também imprescindível exigir uma clarificação do enquadramento dos estágios curriculares e profissionais, chamando à responsabilidade empresas e os estabelecimentos do ensino superior. É importante voltar a debater o desgaste rápido da profissão”, afirma ainda o SJ.
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