Dois sindicatos entregaram contrapropostas para um novo acordo relativo aos benefícios dos trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos (CGD), após a administração liderada por Paulo Macedo ter denunciado o Acordo de Empresa existente.
Os trabalhadores cumpriram esta sexta-feira um dia de greve, uma paralisação convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC) e pelo Sindicato dos Trabalhadores da Atividade Financeira em protesto pela denúncia unilateral abrupta do acordo de empresa por parte da CGD e da apresentação de uma proposta de acordo com condições lesivas para os trabalhadores do banco.
O STEC e o Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos Bancários (SNQTB) entregaram as suas propostas para um novo acordo, em resposta ao acordo proposto pelo banco que elimina alguns dos anteriores benefícios que tinha para os seus trabalhadores.
“Entregámos hoje a nossa contraproposta. A bola agora está do lado da Caixa”, afirmou João Lopes, presidente do STEC, ao Dinheiro Vivo. “A luta negocial vai ser dura”, adiantou.
Entre as alterações previstas no novo Acordo de Empresa proposto pela CGD, as promoções automáticas por antiguidade desaparecem, bem como a assistência médica.
Paulo Marcos, presidente do SNQTB, disse que a contraproposta do seu sindicato também já foi entregue à CGD. Um aumento salarial de 3,96% em 2018, o direito a desligar, a proteção ao denunciante de assédio moral e garantias para os trabalhadores do balcão móvel estão entre as exigências da proposta, tal como a manutenção da assistência na saúde.
Segundo João Lopes, “a Caixa parou hoje” devido à greve, que levou ao fecho de balcões por todo o país. Já a CGD aponta que apenas 30% do banco foi afetado. O STEC adiantou que uma concentração em Lisboa reuniu 400 trabalhadores do grupo CGD.
“Estes números de hoje deram-nos estímulo para continuar a luta. Nem nós esperávamos este tipo de adesão”, frisou o presidente do STEC.
A greve de hoje realizou-se apesar de o jornal Público noticiar esta sexta-feira que a CGD vai atribuir um bónus entre 500 e 3000 euros através da partilha de lucros.
O facto de a denúncia do Acordo ter sido comunicada no dia em que a CGD apresentou os seus resultados do primeiro semestre de 2018, com o banco a anunciar um lucro líquido de 194 milhões de euros, caiu mal junto dos trabalhadores e dos sindicatos.
“Na negociação que se irá agora iniciar, a Caixa manterá mesma disponibilidade para acordar numa solução que globalmente e em circunstâncias idênticas mantenha para os trabalhadores da CGD condições semelhantes ou superiores às do Acordo Coletivo de Trabalho da banca”, referiu o banco público esta sexta-feira em comunicado.
O banco público foi alvo de uma operação de recapitalização que implicou a implementação de um plano estratégico negociado entre o governo e Bruxelas em 2016.
O plano prevê a redução do número de trabalhadores, encerramento de balcões e venda de operações no exterior. Uma das consequências é que a CGD, que já teve a maior rede de balcões bancários do país, passou a deter a quarta maior rede de agências, perdendo uma posição para o Millennium bcp.
Leia aqui: Os motivos para a greve na CGD na próxima sexta-feira
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