//Sindicatos preocupados com despedimentos na Parvalorem

Sindicatos preocupados com despedimentos na Parvalorem

Estão em causa entre 60 e 70 postos de trabalho que deverão desaparecer com o processo de reestruturação em curso na Parvalorem. O veículo público criado para ficar com os ativos tóxicos do antigo Banco Português de Negócios (BPN) caminha para a sua futura liquidação, o que preocupa os sindicatos dos bancários que temem que a medida venha a acentuar a crise que se vive em termos de despedimentos no setor.

Segundo estimativas dos sindicatos, no ano de 2021 deverão sair da banca entre 2500 e 3000 trabalhadores, a maioria no segundo semestre, devido aos processos de despedimento em curso no Santander e no Millennium bcp. Os processos de despedimento têm gerado uma forte contestação, com a realização de manifestações e greves.

“O governo está num afã de liquidar a Parvalorem. Está a abrir concursos para vender a carteira a terceiros. Imaginamos que vão ser os suspeitos do costume a ficar a gerir e a comprar eventualmente as carteiras”, disse Paulo Marcos, presidente do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB). “O governo está num processo de reduzir ainda mais a operação da Parvalorem e achamos que com isso não está a defender o interesse nacional nem o interesse dos contribuintes”, adiantou ao Dinheiro Vivo. O sindicalista vê “razoável preocupação que a Parvalorem deseje encetar um processo de redução de 60% da sua força de trabalho nos próximos meses”.

Paulo Marcos destacou que “o processo de despedimentos ainda não começou” e os sindicatos ainda não conhecem “as condições que irão ser oferecidas aos trabalhadores para o término dos seus contratos de trabalho”. “Estamos a falar de 60 a 70 pessoas que estão potencialmente em risco”, apontou.

O presidente do SNQTB alertou que se pode estar a cometer “num veículo do Estado os mesmos erros que suscitaram, por exemplo, comissões parlamentares de inquérito”, uma alusão ao caso da venda de ativos do Novo Banco. “Está aqui um tema que temos de endereçar aos senhores deputados para que se perceba, para que alguém explique aos portugueses, porquê este afã de querer liquidar a Parvalorem e os seus trabalhadores”, adiantou. “Não encontramos nenhum racional económico nisto. Imagino que teremos outra vez os mesmos problemas. Só que aqui o interesse é de todos nós porque o veículo é público, o que tem uma dimensão absolutamente sistémica”, salientou.

Contexto

O BPN, um banco que era liderado por José Oliveira e Costa, colapsou em 2008 e foi nacionalizado naquele mesmo ano pelo governo de José Sócrates. Em 2010, foi criada a Parvalorem, a Parups e a Participadas SGPS para gerirem os ativos do banco.