//“Sociedade portuguesa é demasiado condescendente com a pobreza”

“Sociedade portuguesa é demasiado condescendente com a pobreza”

“Estamos a assistir a uma destruição dos sistemas de relações de trabalho”

António Castro assinala que “não há crescimento económico sem população e sem planeta”, pelo que “o tema da sustentabilidade é muito importante”.

“Estamos com uma base de partida complexa, temos cinco mega tendências a nível mundial que nos condicionam: o crescimento demográfico, os riscos e o envelhecimento, a disrupção tecnológica e a rápida urbanização. Cinco mega tendências que tocam as nossas cidades e o nosso país e afeta a forma como as empresas podem olhar para a sua produtividade”, adverte o empresário da INOVAGAIA.

José Manuel Fernandes considera que Portugal é capaz de desenhar soluções contra a pobreza.

“A nossa história aponta-nos que fomos sempre um povo que encontrou soluções criativas e temos capacidade para ultrapassar todas as situações negativas”, frisa.

Contudo, aponta igualmente que “não podemos estar preocupados só com a coesão social, que tem tendência a fazer só a paridade por baixo”.

Manuel Carvalho da Silva não discorda, mas corrige: “Conceito de estado social não é nivelamento por baixo. As políticas que têm sido feitas em nome do estado social é que se têm virado para os mínimos, na proteção dos pobres dos pobres em cada crise. Isto não dá. Se o foco é proteger os mais pobres dos pobres apenas em situação de extrema necessidade e não há direitos fundamentais assegurados, isto não dá.”

“Estamos a assistir a uma destruição dos sistemas de relações de trabalho, apresenta-se o conflito como algo exterior à sociedade quando a coisa não é assim. A democracia é uma experimentação contínua e dentro do trabalho ainda mais”, acrescenta.

A importância de evitar “políticos biscateiros”

No entender de António Castro, “nem tudo é negativo”.

“Há capacidade hoje em dia para sermos mais produtivos. Temos uma lei das ‘startups’ que nos vem ajudar a criar um ambiente de negócios mais favorável, ou seja, criar as soluções de base para que no futuro a economia possa ser diferente”, realça.

Questionado se uma das formas de aumentar a produtividade das empresas é a redução do Imposto ao Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC), José Manuel Fernandes aposta noutra perspetiva.

“O IRC tem de ser abrangente e transversal a toda a sociedade económica, mas tem de ser ajustado e tem de ser um incentivo. Tem de ser enquadrado numa política, inclusivamente, de captação de investimento direto estrangeiro imprescindível em relação ao crescimento económico do país”, salienta.

O presidente do Conselho Geral da AEP termina com um recado aos partidos e um pedido de reformulação do contexto político nacional.

“Temos potencial e, se formos bem conduzidos e tivermos os melhores a governar o nosso país, teremos soluções alavancadas com resultados muito mais rápidos. O nosso sistema político e representação não é adequado. Precisamos de ter políticos bem remunerados, bem escolhidos, que se sintam confortáveis na sua missão de dar o melhor pelo país. Se isso não acontecer, teremos sempre o biscate na política”, remata.

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