//Sonae anuncia compra da rede iServices

Sonae anuncia compra da rede iServices

A Sonae vai comprar a iServices, empresa líder de reparação de telemóveis em Portugal e que conta com uma rede de 15 lojas. A operação está, ainda, sujeita a aprovação das entidades competentes, designadamente da Autoridade da Concorrência, mas a Sonae deu já conta da existência de um acordo para o negócio no comunicado enviado esta quarta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliário (CMVM) a propósito dos resultados trimestrais do grupo.

No documento, onde dá conta de um crescimento de 10,2% no volume de negócios do grupo nos primeiros nove meses do ano, de uma melhoria da rentabilidade operacional, com o EBITDA subjacente a aumentar 24%, e de uma redução, em base comparável, da dívida líquida em 113 milhões de euros, a Sonae refere, ainda, que investiu 275 milhões de euros, mais de um milhão por dia, valor que reflete a expansão orgânica das várias insígnias do grupo, bem como as várias aquisições realizadas.

E destaca: “Já no quarto trimestre de 2019, a Worten chegou a um acordo para aquisição de 100% do capital social da iServices, uma empresa líder em reparação de smartphones em Portugal através de uma rede de 15 lojas. Esta aquisição, que se concretiza após receber as aprovações obrigatórias (incluindo da concorrência) para uma transação desta natureza, irá reforçar as capacidades da Worten na sua oferta de serviços e contribuir para melhorar a experiência de cliente e o seu ecossistema”.

Segundo o site da empresa, a iServices nasceu em 2011, com o aparecimento da primeira loja Parque das Nações. Hoje conta com 15 lojas e está presente em Braga, Porto, Coimbra, Lisboa, Cascais, Setúbal, Faro e Funchal.

Especializada em produtos e tecnologias mobile, a iServices repara smartphones e tablets multimarca, dispondo, ainda, de produtos DJI, a principal marca de drones do mundo. E, aliás, representante da Authorized Retail Store da DJI.

João Dolores, CFO da Sonae, recusa avançar, para já, com o valor do investimento associado a este negócio, sublinhando que, mais pormenores, “só depois de obtidas as aprovações necessárias”. Refere, no entanto, que a compra da iServices pela Worten representa, “sobretudo, o reforço da aposta competitiva” do grupo nos serviços ao cliente, áreas que, a par do digital e do ano, constituem “as grandes prioridades”. “É aí que nos conseguimos diferenciar no mercado”, argumenta.

João Dolores falava ao Dinheiro Vivo a propósito da divulgação de contas da Sonae referente ao terceiro trimestre de 2019, destacando que se tratou de um trimestre “muito positivo” para a Sonae, do ponto de vista global, em consequência de um “bom desempenho” que vinha já do primeiro semestre.

Em termos de negócios, o responsável financeiro do grupo, salientou a dinâmica da Sonae MC, que reforçou, uma vez mais, a sua posição de liderança, e cresceu 9,5% para 3.427 milhões de euros, bem como a performance da moda e do desporto, através da Sonae Fashion e da Iberian Sports Retail Group, cujas vendas aumentaram, respetivamente, 3,8% e 15,5% desde o princípio do ano.

“Foi um trimestre muito bom, em que continuamos a investir bastante – 275 milhões, mais de um milhão de euros por dia – e em várias frentes, desde a modernização e expansão do retalho à àrea digital, com crescimentos muito fortes em todas as insígnias, e às novas aquisições, designadamente as participações minoritárias em empresas de base tecnológica por parte da Sonae IM”, referiu João Dolores, sublinhando que, apesar disso, a Sonae “continua a ter um balanço sólido, tendo reduzido a sua dívida líquida, numa base comparável, em 113 milhões de euros”.

Questionado sobre novas aquisições em vista, a prioridade nos investimentos vai para a área das tecnológicas – só este ano a Sonae IM já entrou no capital de seis novas empresas, três das quais em fase embrionária, e reforçou a participação noutras -, embora o grupo se mantem “sempre atento e disponível a analisar outras oportunidades que possam surgir”, como o foi o caso da compra da Balmain, na Polónia, empresa que serviços ligados ao imobiliário e centros comerciais.

A nível imobiliário, o grupo liderado por Cláudia Azevedo poderá vir a replicar em Portugal a experiência que implementou já em Espanha, avançando com a criação de uma Sociedade de Investimento e Gestão Imobiliária, cujo regime foi aprovado este verão na Assembleia da República.

Questionado sobre a matéria, João Dolores diz que o grupo vê “com bons olhos” a existência deste tipo de instrumentos, que permitem “uma maior liquidez e uma maior atração aos investimentos nesta área”. A Sonae tem já uma “experiência importante” na “montagem deste tipo de veículos”, em Espanha, com a ORES, criada pela Sonae Sierra e pelo Bankinter, e está agora a “estudar o enquadramento legislativo e fiscal” para aferir da possibilidade de o fazer também em Portugal. “Estamos a estudar o diploma e as oportunidades que este pode significar, mas sem prazo definido”, garante.

Sem horizonte à vista está a entrada no mercado da Sonae MC, operação suspensa em outubro de 2018, quatro dias apenas após o seu arranque, “face às condições adversas nos mercados internacionais”. Um ano depois, a operação mantém-se ‘congelada’. “Continuamos atentos ao mercado, mas sem planos imediatos de trazer a operação de volta”, garante João Dolores.

*Notícia atualizada às 19h37 com declarações do CFO da Sonae

Ver fonte