A Standard & Poor’s está mais confiante para a evolução da banca portuguesa. Melhorou a avaliação de risco do setor. Mas deixou os ratings da maior parte das entidades financeiras nacionais inalterados. Apenas o BCP foi alvo de uma revisão em alta, de BB- para BB (a dois níveis de sair da categoria de “lixo”).
A equipa de analistas da S&P referiu, numa nota divulgada esta terça-feira, que “os bancos portugueses estão a fazer progressos na sua transformação, reportando resultados domésticos positivos após seis anos de prejuízos”. A agência antecipa que a tendência de lucros se mantenha, o que a levou a baixar o nível de risco do setor de 7 para 6 (numa escala de 1 a 10 em que 1 é o menor risco).
Banca faz progressos. Rentabilidade abaixo do setor europeu
A S&P explica que “a melhoria da nossa perspetiva sobre a banca portuguesa reflete as nossas expetativas de que os bancos continuarão a fazer bons progressos nos seus planos de reestruturação, nomeadamente na redução dos seus elevados stocks de exposições não produtivas e na melhoria da contribuição das suas operações domésticas na rentabilidade geral”.
A agência nota que essa tendência ficou demonstrada nos últimos 18 meses. E estima que o peso das exposições problemáticas no total do ativo baixe de 16% para 12,5% até final de 2020. Ainda assim, apesar do menor ceticismo, a S&P afirma que “as perspetivas de rentabilidade dos bancos portugueses são menos favoráveis que as dos outros pares do sul da Europa”.
A entidade de análise considera que os bancos nacionais têm uma base de receitas menos diversificada e que podem vir a sofrer mais que outras instituições financeiras europeias com a subida dos custos de financiamento nos próximos anos, especialmente quando tiverem de substituir os empréstimos obtidos junto do Banco Central Europeu.
S&P acredita no plano do Novo Banco
Entre os potenciais riscos para os bancos portugueses estão as responsabilidades que terão de assumir perante o Fundo de Resolução para tapar prejuízos do Novo Banco, tal como ficou acordado na venda deste banco ao fundo Lone Star.
A S&P realça que “o setor bancário pode ter de injetar mais dinheiro no Novo Banco para cobrir as perdas geradas pelas significativas imparidades de crédito do banco”. Ainda assim, a agência diz acreditar que “o plano de reestruturação e a estratégia de limpeza do Novo Banco irá continuar a apoia o seu regresso à normalidade e beneficiar o ambiente competitivo do setor bancário”.
Rating do BCP revisto em alta. BPI e Totta em grau de investimento
A S&P acabou por melhorar o rating do BCP de BB- para BB, o segundo nível de lixo. A agência explica que essa decisão se deveu “à melhoria do ambiente operacional do setor bancário em Portugal”. Os analistas realçam ainda que o banco reduziu a sua exposição a ativos problemáticos em 2,7 mil milhões de euros entre 2016 e meados de 2018. E destacam o regresso da rentabilidade na atividade doméstica desde o último trimestre de 2017, colocando um fim a um ciclo de quatro anos de prejuízos.
A perspetiva para a notação é estável, o que indica que face á informação atual a S&P não espera alterações na notação nos próximos 12 meses. Assume também que “o BCP continuará a fortalecer os seus retornos e que as operações domésticas continuarão rentáveis devido a menores perdas de crédito”.
Além do BCP, a S&P reafirmou o rating de BBB- (primeiro nível acima de lixo) para o BPI e Santander Totta. Mas tem uma perspetiva positiva para estes dois bancos. Admite melhorar a notação destas duas entidades caso exista uma nova subida do rating de Portugal. O outro banco avaliado pela S&P é o Haitong, com uma notação de BB- (a três níveis de sair de lixo) com perspetiva estável.
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