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“Os bancos vão consolidar mais”. É assim que a agência de rating Standard & Poor’s (S&P) vê o futuro do setor bancário na Europa. ” um crescente momentum para uma consolidação na banca europeia, sobretudo entre bancos domésticos”, refere a S&P numa análise divulgada ontem sobre o setor. Em Portugal, tem havido especulação sobre uma eventual consolidação envolvendo o Banco Montepio ou o Novo Banco. Também o Millennium bcp foi mencionado recentemente, numa análise do Goldman Sachs, como podendo vir a ser integrado pelo CaixaBank ou o Santander no futuro.
Esta especulação surge quando o setor atravessa uma das maiores crises de sempre, tal como a economia, na sequência das medidas implementadas pela maioria dos governos europeus para controlar a pandemia de covid-19, que afetam gravemente a atividade económica.
Para a S&P, a deterioração da qualidade dos ativos dos bancos só começará a ser visível em 2021, quando terminarem algumas medidas, incluindo as moratórias, que impedem que os bancos registem um aumento do nível de crédito malparado.
A favor e contra
Entre os fatores que suportam um movimento de consolidação está o excesso de oferta e baixa rentabilidade na banca em alguns países. “Há muito espaço para fusões e aquisições na maioria dos países sem levantar questões de concorrência”, diz. A agência de notação financeira também deteta uma “pressão prolongada nas receitas e um crescimento orgânico limitado”.
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Por outro lado, há oportunidades de aquisição “devido às taxas de juros ultrabaixas e à profunda desaceleração económica desencadeada pela” crise. Também o poder político e os reguladores estão mais favoráveis à consolidação do setor. “Os reguladores parecem mais preocupados com a sustentabilidade de modelos de negócio dos bancos do que com receios de que fiquem grandes demais para falir”, adianta.
O facto de ser necessário mais investimento em digitalização e tecnologia é outro catalizador para fusões e aquisições. Depois, “uma vez que comecem as operações de concentração num determinado mercado, o medo de perder o processo de consolidação pode encorajar mais bancos a participarem”.
A jogar contra este movimento de concentração está a o facto de a União Bancária não estar “suficientemente avançada para justificar grandes fusões transfronteiriças”. ” A administração e os acionistas estão focados em prioridades de curto prazo, como mitigar o impacto” da crise e na melhoria da eficiência de custos, o que pode atrasar processos de fusão. A S&P vê como outro obstáculo o facto de o ” apoio dos acionistas para fusões e aquisições depender de grandes sinergias de custo e receita para justificar a aquisição”. Além de que “as perdas de empregos resultantes de fusões e aquisições podem ser politicamente difíceis” de gerir.
Perspetivas para 2021
Em geral, a S&P prevê que os resultados dos bancos comecem a melhorar ligeiramente em 2021, mas os ganhos serão “limitados”. Também antecipa que “a recuperação económica continuará até 2021” e prevê que “a segunda onda de contágios não levará ao tipo de confinamento total que foi imposto na primavera”.
Segundo a S&P, “as autoridades só reduzirão as medidas de apoio quando a recuperação económica estiver no bom caminho”.
“Esperamos que o PIB (Produto Interno Bruto) da zona do euro recupere 6,1% em 2021, após contrair 7,1% este ano”, explica. As economias dos diferentes países europeus irão “recuperar a velocidades diferentes, com a Alemanha liderando”. As “medidas extraordinárias dos governos serão gradualmente eliminadas, mas novos estímulos orçamentais irão assumir a liderança, apoiados pelo Fundo de Recuperação da União Europeia”. Quanto à política monetária, “permanecerá altamente acomodativa e dará suporte a um ambiente de” financiamento a baixo custo.
Mas há riscos neste cenário. “Os riscos incluem uma segunda onda de contágio, atrasos na implementação do Fundo de Recuperação da UE, e falta de um acordo comercial entre o Reino Unido e a UE”, considera a S&P.
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