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A associação ambientalista Zero considerou hoje que o Imposto Único de Circulação (IUC), que o Governo prevê aumentar para automóveis e motociclos anteriores a 2007, não pode ser “socialmente regressivo” e servir para compensar os descontos nas portagens.
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“O desconto nas portagens não deve existir e, por isso, não precisa de ser compensado com aumento da receita do IUC”, adiantou a Zero, em comunicado.
Classificando de desperdício os anunciados 72 milhões de euros em descontos nas portagens de autoestradas que, em muitos casos são paralelas a linhas ferroviárias, a associação entendeu que essa redução é “um subsídio à rodovia e aos combustíveis fósseis, o que choca violentamente com as boas práticas em termos de políticas públicas ambientalmente responsáveis”.
Ao invés, deve-se investir na melhoria e reforço do serviço de transporte público e, por isso, o desconto anunciado não deve sequer materializar-se, logo não precisa de compensação.
“Se o Governo quer tributar mais emissões [de dióxido de carbono] por via do IUC, enquanto estratégia de conter essas emissões, não faz sentido que por via da redução dos custos das portagens as incentive”, frisou.
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Em causa está uma medida prevista na proposta do Governo Orçamento do Estado para 2024 que altera as regras de tributação, em sede de IUC, para os veículos da categoria A de matrícula anterior a 2007 e motociclos (categoria E), determinando que estes deixem de ser tributados apenas com base na cilindrada (como sucede atualmente), passando a ser considerada a componente ambiental.
A subida não pode ultrapassar anualmente os 25 euros.
Apesar de considerar “legítimo e desejável” que o critério das emissões de dióxido de carbono em sede de IUC seja estendido aos automóveis anteriores a 2007, a associação ambientalista ressalvou que o aumento desse imposto pode ser uma medida “socialmente regressiva” porque se aplica a veículos mais antigos e de menor valor comercial cujos proprietários, por regra, apresentam rendimentos baixos.
Reforçando que o IUC “não deve penalizar cegamente os proprietários” de automóveis com menores rendimentos, a associação observou que o peso do veículo deve entrar como critério no apuramento do imposto, pois os mais pesados causam um desgaste adicional no pavimento das estradas, representam maiores riscos em caso de acidente e possuem uma pegada ecológica de fabrico maior.
Além disso, a Zero referiu que a taxação deve ter em conta as emissões de dióxido de carbono constantes do Documento Único Automóvel e não deve incluir como critério a cilindrada do motor, pois é um critério “desatualizado que não reflete adequadamente” os impactos dos automóveis.
“A transição energética no setor dos transportes deve ser socialmente justa e as medidas a adotar devem ser acompanhadas da previsão de redução de emissões prevista de modo a que todo o processo seja compreensível”, concluiu.
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