Rupert Murdoch, o histórico proprietário de órgãos de comunicação social um pouco por todo o mundo, anunciou esta quinta-feira que vai deixar a presidência da Fox e do grupo News Corporation, detentor de jornais do Wall Street Journal, do Sun e da Sky News Australia, entre muitos outros. Quem sucede a Rupert nos cargos é o filho, Lachlan Murdoch.
“Durante toda a minha vida pessoal, tenho estado envolvido diariamente com notícias e ideias, e isso não vai mudar”, escreveu Rupert Murdoch num memorando aos trabalhadores, noticiado pelo The Wall Street Journal. “Mas é a altura certa para assumir papéis diferentes, sabendo que temos equipas verdadeiramente talentosas”, declarou.
Rupert Murdoch descreveu ainda o filho Lachlan Murdoch, que vai assumir os cargos de presidência das duas empresas, como “um líder apaixonado e com princípios”. Com 92 anos, Rupert fez questão de sublinhar que “as nossas empresas estão com saúde robusta, tal como eu”.
Continuando o tom cuidado de transição de poder para não afetar as valiosas empresas que o pai criou, Lachlan parabenizou Rupert Murdoch pela carreira de 70 anos, e agradeceu “a sua visão, o seu espírito pioneiro, a sua firme determinação, e o legado duradouro que deixa às empresas que fundou e às incontáveis pessoas que tocou”.
Esse impacto pode ser medido, por exemplo, através da indemnização de mais de 780 milhões de dólares que a Fox pagou à Dominion, uma fabricante de sistemas de votação eletrónica. A indemnização foi fixada num acordo para evitar que um processo de difamação contra a Fox News, acusada de transmitir alegações falsas sobre o envolvimento da Dominion numa tentativa de roubar as eleições presidenciais de 2020 a Donald Trump, chegasse a julgamento – expondo detalhes do funcionamento interno do canal.
A Fox ainda enfrenta um outro processo, da Smartmatic, no valor de 2,7 mil milhões de dólares, por os seus jornalistas e convidados fazerem alegações semelhantes sobre o envolvimento da empresa nas eleições de 2020.
Dos jornais da Austrália para polémicas em todo o mundo
Muito antes de inspirar a série de sucesso da HBO, a carreira de Rupert Murdoch começou pelos jornais, na década de 1950, no seu país natal, a Austrália. O The Economist chegou a dizer que foi Murdoch a inventar o tablóide moderno, numa peça de 2011 em que já dizia que era tempo do empresário se reformar.
Murdoch chegou ao hemisfério Norte na década seguinte, quando comprou o britânico News of the World e, de seguida, o The Sun. O News of the World acabou por fechar em 2011, anos após o início de alegações que o jornal colocou escutas ilegais nos telemóveis de cerca de sete mil pessoas. Rupert Murdoch chegou a pressionar o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, a não investigar as alegações.
A expansão do império mediático aos Estados Unidos da América começou por um jornal local, na década de 1970, a que se seguiu a compra do mais influente New York Post alguns anos depois.
Após obter a cidadania norte-americana, Rupert Murdoch entrou no negócio audiovisual através da 20th Century Fox, e chegou às televisões quando comprou vários canais e criou o grupo Fox Broadcasting, em 1986. A Fox News surgiu em 1996, para competir com a CNN, e acabou por se tornar a líder de audiências entre os canais de notícias por cabo nos Estados Unidos.
Deste lado do Atlântico, Murdoch criou a Sky em 1984. O canal começou pelo Reino Unido, ganhou força depois de uma fusão em 1990, e a marca expandiu-se à Alemanha e à Itália, entre outros países, até ser vendida, depois de uma guerra de licitações, à Comcast – que também é proprietária da NBCUmiversal e da DreamWorks.
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