O secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), José Abraão, acusa o Governo de falta de vontade política, depois de a ministra Mariana Vieira da Silva não garantir a revisão da Tabela Remuneratória Única em 2023.
Em declarações à Renascença, José Abraão espera que através do diálogo seja possível alcançar uma solução de compromisso.
“É alguma dificuldade de vontade política. Já estamos a falar para 2023 e este é um conjunto de problemas que não pode continuar a arrastar-se no tempo, porque isto gera revolta, desmotivação e contestação social”, afirma o líder da FESAP.
“Nós queríamos encontrar, pelo menos, um compromisso negocial, calendarizado, com compromissos sérios para que se encontrasse um caminho para que todas estas matérias fossem revistas e pudéssemos ter uma administração pública ainda mais motivada, recrutando os melhores e mantendo a competência que já temos hoje nalgumas áreas”, defende José Abraão.
Se o Governo não estiver disponível para rever as carreiras globalmente, estará a criar injustiças, afirma o sindicalista, que fala também na necessidade de rever as carreiras do assistente operacional.
Em entrevista ao programa Hora da Verdade, da Renascença e do jornal Público, a ministra da Presidência, responsável pela tutela, não se compromete com um calendário para a revisão da Tabela Remuneratória Única para 2023.
Essa é uma das prioridades para a FESAP, para o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) e para a Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, no processo negocial que arranca esta quarta-feira.
A ministra Mariana Vieira da Silva garante, por outro lado, que o estudo que está previsto para a semana de trabalho de quatro dias no setor privado também vale para a Administração Pública, mas a aplicação “pode ser de tipo diferente”.
“Pode ser um caminho de reorganização do tempo de trabalho; pode ser concentrando mais horas de trabalho em menos dias. Todas as soluções são possíveis, é isso que significa ter um projeto-piloto e um debate com os sindicatos”, adianta Mariana Vieira da Silva.
Para José Abraão, o Estado deve dar o exemplo. Não é por se trabalhar mais horas que a produtividade aumenta.
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