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A Plug and Play Ventures é uma das maiores aceleradoras de startups do mundo e está prestes a entrar em Portugal. A notícia é fresca, acabada de chegar do debate que encerrou o primeiro dia da cimeira do Portugal Mobi Summit e que pôs os especialistas da Europa e dos Estados Unidos a olhar para o investimento inteligente na mobilidade sustentável. “Estamos a estudar as parcerias para conseguir fazer isso nos próximos anos”, revelou Fan We, senior partner da multinacional americana, que num ápice quebrou o gelo inicial entre os convidados ao se mostrar “bastante entusiasmado” com o talento, os incentivos e as infraestruturas que o mercado português oferece ao investimento estrangeiro.
São boas perspetivas para a economia do país, mas que não surpreendem o secretário de Estado do Planeamento José Gomes Mendes. Afinal, recorda o governante, dois terços das startups que estão em Portugal são estrangeiras: “E isso é um reflexo da nossa capacidade para desenvolver tecnologias com grandes polos de inovação tanto em Lisboa, como no Porto ou em Braga.”
Algum caminho já foi feito para as tecnológicas se destacaram entre a concorrência. Mas falta fazer ainda muito mais. E não é só Portugal que tem de conseguir ser eficiente nos seus investimentos, adverte Patrick Child, diretor-adjunto para a Investigação e Inovação da Comissão Europeia: “Temos as ideias mais inovadoras, mas o que os dados nos mostram é que não somos capazes de transformar esses bons projetos em modelos de negócios ou produtos com capacidade para chegar aos mercados.”
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É fora da Europa, por isso, que o talento encontra a oportunidade. Virar esta página implica saber capitalizar as ideias e ganhar escala, defende Patrick Child, admitindo que o próximo quadro comunitário terá de estar focado neste aspeto: “Precisamos trabalhar com os estados membros para conseguir testar as respostas e uniformizar um enquadramento jurídico que torne viável uma estratégia comum.”
A falta de dados também é o ponto fraco dos países europeus, acrescenta Daniel Serra, diretor do Polo Sul de Inovação na Mobilidade Urbana do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia. É aliás o “calcanhar de Aquiles” para quem ambiciona liderar o mercado das tecnologias de Inteligência Artificial: “Temos de encontrar um novo modelo de cooperação com empresas de outros países, nomeadamente americanas, que são as que estão na posse dessa informação.”
Os Estados Unidos, que tantas vezes foi mencionado neste debate, é o principal ponto de comparação com a Europa. São os americanos que dominam o mercado tecnológico e que parecem não terem obstáculos quando o desafio é ganhar escala planetária nos modelos de negócio. Há até uma ponta de inveja entre os convidados europeus, mas Fan We, da Plug and Play Ventures, está convencido de que as “realidades não são comparáveis”. O mercado interno é “gigante”, a língua é a mesma e a tradição para captar talento em qualquer parte do mundo é secular.
São vantagens muito competitivas, é certo, mas a Europa também precisa saber tirar partido da “riqueza da sua diversidade”, relembra Patrick Child, destacando a grande mais-valia de os países europeus poderem gerar legislação global e atuar como uma “área económica centralizada”.
“Ter na União Europeia um mercado amplo e forte é uma vantagem e apostar em setores nos quais somos fortes é outra”, diz o diretor-adjunto para a Investigação e Inovação da Comissão Europeia. A aviação é um bom exemplo, tal como são também as energias renováveis. Neste aspeto aliás, Portugal é um “caso de sucesso”, afirma Child, incentivando os portugueses a não desperdiçarem os bons investimentos e a trabalhar em conjunto com a Europa.
Legenda: É ainda fora da Europa que as boas ideias têm oportunidade para se converterem em negócios de sucesso, dizem os convidados do PMS.
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