//TAP: 80 anos de voos entre nacionalizações, privatizações e resgates públicos

TAP: 80 anos de voos entre nacionalizações, privatizações e resgates públicos

O Governo de Luís Montenegro aprovou esta quinta-feira o decreto-lei que dá início ao processo de privatização da TAP, prevendo vender até 49,9% do capital de uma companhia com décadas de avanços recuos e polémicas em torno do seu futuro público ou privado.

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A história da companhia aérea portuguesa é marcada por ciclos de expansão, crise e intervenção pública. Fundada em 1945, a TAP iniciou operações em 19 de setembro de 1946, com um voo entre Lisboa e Madrid. Após o 25 de Abril, a empresa foi nacionalizada em 1975, passando a ser controlada integralmente pelo Estado.

A ideia de uma privatização surgiu pela primeira vez em 1991, durante o governo de Cavaco Silva, mas só se concretizaria parcialmente décadas depois, após sucessivos planos de reestruturação e tentativas falhadas de venda. A entrada da Swissair em 1998 chegou a estar acordada, mas nunca se materializou.

A crise financeira de 2009, a pressão da “troika” em 2011 e as dificuldades acumuladas levaram a nova tentativa em 2012, travada pela falta de garantias do empresário Germán Efromovich.

Em 2015, a TAP foi finalmente privatizada com a entrada do consórcio Atlantic Gateway, liderado por David Neeleman e Humberto Pedrosa, que adquiriu 61% do capital.

Com a chegada ao poder do Governo de António Costa, o modelo foi revisto e o Estado recuperou o controlo maioritário. Durante a pandemia de 2020, o Estado renacionalizou a TAP, adquirindo a participação de David Neeleman e reforçando o apoio financeiro à empresa, entretanto sujeita a regras apertadas de Bruxelas.

Desde então, a companhia continuou a reestruturar-se e a enfrentar polémicas, incluindo a indemnização milionária à ex-administradora Alexandra Reis e o afastamento da presidente executiva Christine Ourmières-Widener em 2023, após um relatório da Inspeção-Geral de Finanças (IGF).

O processo de venda, agora relançado, prevê uma alienação até 49,9% do capital, com potenciais interessados como a Lufthansa, a IAG e a Air France-KLM a seguirem de perto os desenvolvimentos. A operação arranca num contexto político sensível, após eleições legislativas antecipadas e com a TAP ainda sujeita à monitorização da Comissão Europeia.

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