//Tarifas de Trump não são resposta para corrigir balanças comerciais, diz FMI

Tarifas de Trump não são resposta para corrigir balanças comerciais, diz FMI

Um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) revela que os excedentes ou défices externos não eram um problema em 2024, mas os riscos aumentam se se tornarem excessivos. Desequilíbrios internos prolongados, permanente incerteza na política orçamental e escalada das tensões comerciais podem deteriorar o sentimento de risco global e aumentar o stress financeiro, prejudicando tanto os países devedores como os credores.

O FMI contesta assim a política do Presidente norte-americano, Donald Trump, que está a impor tarifas a quase todos os parceiros comerciais, para aumentar as receitas e corrigir défices comerciais de longa data.

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“Uma nova escalada da guerra comercial teria efeitos macroeconómicos significativos”, diz o relatório. No curto prazo, tarifas mais altas reduzem a procura global e aumentam a pressão inflacionista, através da subida dos preços das importações.

Outra ameaça surge com o aumento das tensões geopolíticas, que pode desencadear mudanças no sistema monetário internacional, com impacto na estabilidade financeira.

O relatório revela ainda que o alargamento dos dos saldos da balança corrente mundial, em 2024, se deveu ao aumento dos saldos excedentários nas três maiores economias do mundo: Estados Unidos, China e área do euro.

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Segundo o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, a solução passa por medidas nacionais, não pela imposição de tarifas. A China deverá aumentar o consumo, a Europa deve gastar mais em infraestrutura e os EUA precisam de reduzir os grandes défices públicos e controlar a despesa.

Avisa ainda que o papel dos Estados Unidos como “banqueiro mundial” está a enfraquecer. Reconhece o domínio contínuo do dólar americano, mas este está ameaçado pela crescente fragmentação geoeconómica e pela menor procura por títulos do Tesouro dos EUA.

Por outro lado, o yuan chinês é cada vez mais utilizado no comércio e finanças internacionais, enquanto surgem sistemas de pagamento alternativos e ativos digitais privados, que podem conduzir a mudanças no uso de moedas internacionais.

“Embora os riscos de deslocamento grave no Sistema Monetário Internacional permaneçam moderados, aumentos rápidos e consideráveis nos desequilíbrios globais podem gerar repercussões transfronteiriças negativas significativas”, escreve Gourinchas.

“Um grande risco para a economia global é que, em vez disso, os países respondam aos desequilíbrios crescentes aumentando ainda mais as barreiras comerciais, levando a uma maior fragmentação geoeconómica. E, embora o impacto nos desequilíbrios mundiais permaneça limitado, os danos para a economia mundial serão duradouros”, conclui.

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