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A taxa de juro média da nova dívida pública (emitida em janeiro) subiu para o valor mais alto desde 2014, o último ano do programa de ajustamento do governo PSD-CDS e da troika, revelou, esta segunda-feira, a agência que gere a dívida soberana portuguesa (IGCP), que é diretamente tutelada pelo Ministério das Finanças de Fernando Medina.
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De acordo com o boletim mensal de fevereiro do IGCP (que se refere à situação de janeiro de 2023), aquela taxa de juro da dívida emitida subiu em flecha, para 3,7% neste arranque de ano, mais do dobro do custo médio de 2022 (1,7%) e seis vezes superior ao custo das novas emissões feitas em 2021 (0,6%).
Significa isto que o Estado também está a pagar (a remunerar) muito mais nos novos instrumentos de dívida, como obrigações do tesouro, bilhetes do tesouro, certificados de aforro, etc..
Como referido, é preciso recuar até 2014, o último ano do último programa de ajustamento, para encontrar um custo similar. Também rondou 3,7% nessa altura.
O agravamento das taxas de juro está diretamente relacionado com a subida forte e rápida de juros do Banco Central Europeu (BCE) durante o ano passado e que vai continuar, de modo a combater a inflação extremamente elevada da zona euro.
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Maturidade muito elevada
A boa notícia é que, apesar deste agravamento significativo dos juros da República, a maturidade da dívida de médio e longo prazo (essencialmente OT – obrigações do tesouro, CEDIC – certificados especiais de dívida pública e CA – certificados de aforro) emitida agora em janeiro é bastante elevada em termos históricos, o que dá margem de manobra na sua gestão.
Segundo o IGCP, o prazo médio de reembolso do total de 14,2 mil milhões de euros levantados no mercado internacional e interno subiu para os 15,4 anos, bem acima dos cerca de 11 anos correspondentes às novas emissões em 2022.
Esta maturidade média de janeiro é também a mais elevada desde 2012, pelo menos. Mas claro, diz respeito a apenas um mês, faltam 11 meses para se ter o retrato final do prazo de reembolso médio de 2023.
Para aquela emissão bruta de 14,8 mil milhões de euros em janeiro concorreram 6,6 mil milhões de euros em certificados especiais (CEDIC), 3 mil milhões de euros em OT, mais outros 3 mil milhões de euros em certificados de aforro (um produto que adquiriu novamente grande popularidade junto das famílias portuguesas por remunerar bastante acima dos depósitos bancários a prazo).
(atualizado 20h00)
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