As duas entidades representativas do setor do táxi apelaram hoje para que os profissionais se mantenham em protesto nas ruas, depois de terem estado reunidas com os grupos parlamentares.
Após os encontros no parlamento, já nos Restauradores, local do início do protesto em Lisboa, o presidente da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), Florêncio de Almeida, disse que tanto esta entidade como a Federação Portuguesa do Táxi (FPT) entendem que o protesto deve continuar.
Os taxistas estão concentrados em Lisboa, no Porto e em Faro, com as viaturas paradas nas ruas, para tentar impedir a entrada em vigor, em 01 de novembro, da lei que regula as plataformas eletrónicas de transporte de passageiros em veículos descaracterizados.
Catorze horas depois do início da concentração, os responsáveis do setor voltaram aos Restauradores para dar conta das reuniões com os partidos políticos no Parlamento, apelando aos companheiros para que não desmobilizassem, uma vez que as reivindicações do setor não tinham sido satisfeitas.
Coube a Carlos Ramos, presidente da FPT, a explicação da posição dos partidos com assento parlamentar, começando por dizer que os partidos da esquerda disseram “ter intenção de acompanhar a luta do setor e que estão disponíveis para subscrever, depois de análise profunda ao que é efetivamente inconstitucional”, o pedido ao Tribunal Constitucional para fiscalizar o diploma.
Esta foi a mensagem e a posição tomada pelo PCP, Os Verdes e Bloco de Esquerda, de acordo com Carlos Ramos, que disse ainda que os comunistas avançaram no parlamento que “vão suscitar a revogação da lei que pretende regular as plataformas eletrónicas de transporte em veículo descaracterizado (TVDE), mas não a sua suspensão”.
Segundo o presidente da FPT, para os restantes partidos, incluindo o PS, tudo se resume a “um ‘nim’”:
“Nós falamos em alhos e eles em bugalhos. Nós dizemos que queremos assim e eles que não pode ser assim”, disse.
Segundo Carlos Ramos, o PS reconheceu que “há necessidades de aperfeiçoar a lei, mas que primeiro esta tem de entrar em vigor” e depois de um balanço estão disponíveis para fazer as suas melhorias.
Posição idêntica teve o PSD acrescentando um pormenor à ideia do PS, adiantando que vai “pedir com urgência” a ida do ministro [do Ambiente] ao parlamento para discutir a questão.
Já do CDS, os representantes dos taxistas ouviram “que não vale a pena” e que não estavam disponíveis para subscrever qualquer documento a suscitar a inconstitucionalidade da lei e “muito menos pedir a suspensão ou revogação da lei”.
“Todos dizem a mesma coisa, vamos deixar que a lei seja aplicada e depois avaliamos a lei durante um ano ou ano e meio”, disse o responsável perante a plateia de centenas de taxistas que começaram a agitar-se a gritar palavras de ordem.
Foi então que Florêncio Almeida se dirigiu aos companheiros e anunciou o que as duas associações tinham decidido fazer.
“Nós associações somos da opinião de que não devemos mobilizar”, disse Florêncio Almeida sobre um forte aplauso dos taxistas.
“Todos agora ou ninguém no futuro”, disse o responsável, apelando a que os taxistas não desmobilizem e pedindo aos colegas do turno da noite para se juntarem à luta.
Florêncio Almeida pediu ainda aos familiares dos taxistas para se juntarem e levarem colchões e comida.
No final da comunicação, as centenas de taxistas aplaudiram os seus representantes e gritaram “somos táxis, somos táxis”.
Os representantes dos taxistas, já tinham dado um sinal do que se podia esperar quando estavam a sair da AR e a Antena 1 perguntou à comitiva se podia pelo menos dizer se tinha ficado satisfeita com o resultado das reuniões, ao que o Florêncio disse apenas que estavam “insatisfeitos”.
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