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A pandemia tirou trabalho a muitos milhares de empresas, mas para outras, nomeadamente na área tecnológica, a Covid-19 trouxe um aumento significativo de atividade. Umas viram-se a braços com dificuldades que as levaram a recorrer ao “lay-off” simplificado; outras, de repente, ficaram sem saber como responder a tanta procura e onde encontrar profissionais qualificados. Foi para ajudar todas estas empresas que surgiu a TeamLoan, mais um projeto do movimento Tech4Covid, criado por um grupo de fundadores de “startups” da comunidade tecnológica para combater a pandemia, a diversos níveis.
A TeamLoan promove o encontro e as empresas acordam entre si os termos do contrato para a partilha temporária de trabalhadores. O primeiro passo é dado com a inscrição na plataforma, em www.teamloan.pt. A Renascença falou com uma das beneficiárias.
O objetivo é promover a entreajuda entre empresas que têm equipas/trabalhadores disponíveis e outras que precisam de responder rapidamente ao aumento da procura – por vezes significativa – dos seus produtos e serviços.
“Se uma tem menos atividade equipas disponíveis, temporariamente, podem ir trabalhar para outra empresa. Assim entreajudam-se e todos ganham: para a empresa com menos atividade, é uma oportunidade para gerir esta fase, ganhar uma bolsa de oxigénio; para quem recebe, é uma forma de gerir o acréscimo de trabalho e de o resolver fácil e rapidamente; para os trabalhadores, é uma maneira de manter os postos de trabalho e de ter rendimento. Se as três partes concordarem, esta partilha de equipas é uma boa opção e podem fazê-lo no TeamLoan”, explica à Renascença Paula Vasconcelos, gestora do TeamLoan, em que trabalha com mais uma dezena de voluntários.
É uma plataforma que serve para todas empresas, de todas as dimensões, setores e regiões. O “retrato” é feito no ato de inscrição e depois é o próprio site que permite filtrar por região, setor e propor os parceiros que mais se adequam.
“É um ponto de encontro, a partir daí não temos mais intervenção. O tempo de colaboração e os termos é definido entre as partes”, diz Paula Vasconcelos.
“Uma parceria ‘win-win’“
O TeamLoan está a funcionar em pleno há pouco mais de duas semanas e já tem algumas dezenas de empresas inscritas; nuns casos ficaram apenas com o contacto para futuras parcerias, noutros, avançaram já para o trabalho conjunto. É o caso da LOQR, uma empresa do setor tecnológico que trabalha sobretudo com a banca, seguros e outros empresas da área financeira na gestão de identidades digitais e com clientes em Portugal, Espanha, Dinamarca, Hong-Kong.
Em tempo de pandemia, com estabelecimentos e balcões fechados, a empresa baseada em Felgueiras, confrontou-se com um acréscimo significativo da sua atividade e sem mãos suficientes para responder à procura, explica à Renascença o diretor de operações (COO) da LOQR, Pedro Borges.
“Sabendo que havia empresas a viver a situação contrária, achámos que podíamos ter uma parceria ‘win-win’, em que nós podíamos tirar partido da capacidade não utilizadas por essas organizações e elas poderiam rentabilizar as equipas que tinham sem ocupação”, sublinha o responsável.
Aos 38 elementos efetivos, juntaram-se outras duas equipas exteriores, com seis membros cada. São da mesma empresa, uma “startup” tecnológica, mas Pedro Borges adianta que já há negociações com outra.
A contratação é feita entre as empresas, em regime de prestação de serviços, neste caso, por três meses, renováveis. Contratar diretamente ficaria mais barato, mas além desta ser uma solução rápida, “estamos a ajudar ‘startups’ como também gostaríamos que nos ajudassem, se precisássemos”.
A LOQR já estava em crescimento antes da pandemia e a recrutar novos colaboradores, sempre altamente qualificados, no mínimo licenciados (especialmente, engenheiros informáticos) e alguns até com mestrado ou doutoramento. Mas o COO frisa que a fase de seleção é individual, tem que ser muito apurada, pode levar meses e agora era necessária uma resposta rápida.
A Renascença quis saber se algumas destas pessoas com que trabalham temporariamente têm hipótese de vir a integrar os quadros. Pedro Lemos admite que sim, mas garante que tal nunca acontecerá sem o acordo entre todas as partes.
“A maior parte das empresas que cedem agora não têm interesse em ficar sem os seus funcionários porque acreditam que vão voltar à atividade normal. Mas se tal não acontecer, se houver um bom relacionamento com as pessoas, pode ser uma solução. Mas tem que haver acordo”, frisa.
O TeamLoan é um dos trinta projetos do movimento Tedch4Covid, criado por um grupo de fundadores de startups da comunidade tecnológica para combater a Covid-19, a diversos níveis. As suas primeiras intervenções tiveram com alvo a ajuda aos profissionais de saúde “na linha da frente”. Conta com mais de 5300 voluntários de 250 empresas, incluindo engenheiros, designers, profissionais de saúde, entre outras atividades.
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